A EDP Brasil assumiu nesta sexta-feira, 5, no Dia Mundial do Meio Ambiente, o compromisso de reduzir em 90% as emissões de gás carbônico (CO2) de suas operações no País até 2030 em relação a 2005, como parte da adesão à iniciativa Business Ambition for 1,5ºC – Our Only Future, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Como desdobramento deste objetivo, a empresa definiu que 100% do seu parque gerador será renovável até 2030, eliminando uma usina a carvão do seu portfólio.

“O Grupo EDP tem como visão global de negócios liderar a transição energética”, afirmou o presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, em entrevista ao Broadcast. O projeto Business Ambition for 1,5ºC – Our Only Future é uma iniciativa da ONU que reúne os esforços de empresas, governos e sociedade civil para adotar medidas mais sustentáveis que evitem o aumento da temperatura do planeta para além de 1,5ºC, conforme estabelecido no Acordo de Paris.

“Se nada for feito, a temperatura vai subir entre 3,7ºC e 4,8ºC no final deste século, o que vai provocar um colapso no ecossistema planetário”, argumentou Setas, citando como exemplo o aumento de pandemias, como o novo coronavírus, a elevação do nível dos oceanos, a maior incidências de incêndios e outros problemas provocados pelo aumento da temperatura. “Vivemos hoje uma crise climática”, avaliou.

De acordo com o executivo, 90% das emissões de CO2 da EDP Brasil são provenientes da operação da térmica a carvão Pecém, no Ceará. “Até 2030, iremos deixar de ter Pecém em nosso portfólio”, afirmou Setas. Em 2027, se encerra o contrato de venda de energia da usina para o mercado regulado, o que pode facilitar a decisão da companhia de não contar mais com o empreendimento em seu parque gerador.

Os outros 10% das emissões são provenientes: 1) das perdas de energia da rede elétrica de suas distribuidoras em São Paulo e Espírito Santo; 2) do consumo de energia dos prédios do Grupo no Brasil; 3) da frota de veículos movidoS a combustíveis fósseis; e 4) das viagens dos colaboradores a serviço. Para cada um destes pontos, a EDP Brasil já vem desenvolvendo iniciativas para reduzir a pegada de carbono de suas operações.

No caso das perdas, Setas afirmou que a companhia vem atuando para reduzir os furtos de energia e para diminuir as perdas técnicas da rede. “No ciclo tarifário anterior, foram realizados investimentos de mais de R$ 400 milhões nesta frente. Vamos continuar investindo nisso”, afirmou. A redução das perdas comerciais ajuda a elevar o faturamento das distribuidoras do Grupo.

Em relação ao uso dos veículos a combustão, o presidente da EDP Brasil citou que a companhia definiu como meta eletrificar 100% da sua frota, corporativa e operacional, até 2030. “Nossa frota será composta por 100% de veículos elétricos ou híbridos”, disse o executivo. Como modelo de negócio, a EDP Brasil também vem desenvolvendo um projeto de pesquisa e desenvolvimento, em parceria com montadoras, para criar uma ampla infraestrutura de recarga de veículos elétricos em São Paulo e Estados vizinhos.

A aposta da EDP Brasil em fontes renováveis de energia tem feito a empresa ser atuante no mercado de geração distribuída fotovoltaica para grandes consumidores. Hoje, a companhia tem 46 megawatts-pico (MWp) de projetos, em operação e em construção. Essa semana, a empresa entregou quatro usinas solares para a operadora Claro, localizadas em Taubaté (SP), com capacidade instalada total de mais de 4 MWp. “Temos intenção de investir R$ 100 milhões nesta frente de GD Solar”, afirmou Setas.

Recuperação pós-covid

Além do projeto da ONU, a EDP Brasil anunciou a sua adesão ao Recover Better, iniciativa global que propõe a governos e empresas alinhar seus esforços de recuperação econômica relacionados à crise da Covid-19 com base nos estudos climáticos. A ideia é utilizar os investimentos em práticas sustentáveis, como fontes renováveis de energia, para alavancar o crescimento econômico pós-pandemia.

Como exemplo, o executivo citou a decisão da União Europeia de criar o Green New Deal, o qual prevê investimentos de US$ 1 trilhão em projetos que pretende transformar os 27 países do bloco em economias com baixa intensidade de carbono. “Nos EUA, o partido Democrata tem uma proposta semelhante no valor de US$ 14 trilhões”, acrescentou.

Na visão do executivo, o Brasil, com as matrizes elétricas e energéticas favoravelmente renováveis, tem tudo para ter uma posição destacada neste contexto. “A nossa convicção é que o Brasil, sendo uma potência mundial em meio ambiente, tem espaço para uma agenda verde, uma retomada baseada na agenda verde”, argumentou.