Na esteira da expansão de 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano, ante o segundo trimestre, o Ministério da Economia fez na manhã desta quinta-feira, 3, uma defesa do fim dos auxílios emergenciais adotados durante a pandemia do novo coronavírus. Em nota técnica enviada à imprensa, o ministério afirmou que “o escudo de políticas sociais criado para amenizar o sofrimento econômico e social causado pela pandemia deve ser desarmado, dando espaço para a agenda de reformas estruturais e consolidação fiscal – único meio para que a recuperação se mantenha pujante”.

O comentário reforça a postura da área econômica do governo nos últimos meses, que tem defendido o fim dos programas de auxílio no encerramento de dezembro, para evitar pressão maior sobre a área fiscal em 2021. A visão é que, com a eventual extensão de alguns programas, o Brasil pode passar a mensagem errada aos investidores e elevar o risco fiscal.

“O fraco crescimento do PIB nos últimos anos é uma consequência da baixa produtividade, fruto da má alocação de recursos na economia brasileira”, registrou o Ministério da Economia na nota. “Desta forma, o único caminho que poderá gerar a elevação do bem-estar dos brasileiros serão medidas que consolidem o lado fiscal de nossa economia e corrijam a má alocação de recursos, aumentem a produtividade e incentivem a expansão do setor privado.”

Ao avaliar a alta de 7,7% do PIB no terceiro trimestre, divulgada nesta quinta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ministério afirmou que “a forte recuperação da atividade, do emprego formal e do crédito neste semestre pavimentam o caminho para que a economia brasileira continue avançando no primeiro semestre de 2021 sem a necessidade de auxílios governamentais”. Para a Pasta, “a retomada da atividade e do emprego, que ocorreu nos últimos meses, compensará a redução dos auxílios”.

O ministério pontuou ainda, na nota técnica, que “outro fator positivo será a melhora das condições financeiras que continuarão impulsionando a atividade, principalmente com a retomada da agenda de reformas”.

Conforme o ministério, a elevação da taxa de poupança no terceiro trimestre de 2020 – para 17,3% do PIB, no maior valor para o período desde 2013 – “sinaliza que a trajetória de consumo será suavizada no começo de 2021 sem a necessidade de novos auxílios governamentais”. “Além disso, esses dados sinalizam que a economia brasileira vai ganhando tração para manter a retomada econômica em 2021”, acrescentou.

Na nota, o ministério também avaliou que o resultado do PIB no terceiro trimestre apresenta “forte recuperação da economia brasileira” e confirma “a retomada em ‘V’ da atividade”.

“Os indicadores coincidentes sugerem manutenção da tendência de crescimento do PIB para os últimos meses deste ano, confirmando a expectativa de crescimento elevado no segundo semestre de 2020”, registrou a Pasta.

Para o ministério, a indústria e o comércio foram os “principais motores” para a atividade no terceiro trimestre. Já o setor de serviços deverá apresentar maior contribuição para a alta do PIB no quarto trimestre de 2021.