O crescimento econômico da China permaneceu estável, a 6,8%, no primeiro trimestre de 2018, resistindo melhor que o previsto à estagnação da produção industrial e às condições de crédito mais difíceis, graças a um forte consumo interno.

O Produto Interno Bruto (PIB) do país registrou nos três primeiros meses do ano um crescimento similar ao do último trimestre de 2017, segundo os dados oficiais divulgados nesta terça-feira.

Pequim conseguiu superar as dificuldades do setor imobiliário e o endurecimento do crédito, no momento em que o governo tenta reduzir a imensa dívida do país e os riscos financeiros que esta provoca, apesar do risco de reduzir o financiamento da atividade econômica.

A produção industrial chinesa registrou em março uma alta de 6% em ritmo anual, abaixo das previsões dos analistas consultados pela Bloomberg, que acreditavam em uma alta de 6,3%.

A China contou com o forte consumo interno. As vendas no varejo cresceram 10,1% em março na comparação com o mesmo mês de 2017, uma aceleração a respeito do período janeiro-fevereiro (+9,7%). O resultado superou as previsões do mercado, que esperava uma estabilização.

Analistas acreditam que no restante do ano a intensificação da campanha contra os riscos financeiros provavelmente continuará reduzindo o crédito e, portanto, o crescimento.

A economia da China também enfrentará o risco de uma escalada na crise comercial com os Estados Unidos, país que decidiu aplicar taxas de importação sobre o aço (25%) e alumínio (10%).

“A dinâmica de crescimento continua vigorosa e o consumo demonstra que a mudança do modelo de crescimento para a demanda interna segue o seu curso”, afirmou o banco ANZ.

Este é o caso do comércio on-line, que disparou 35% em ritmo anual no trimestre e já representa mais de 20% do total de vendas no varejo.

A produção industrial chinesa, no entanto, aumentou apenas 6% em março, abaixo das previsões dos analistas consultados pela Bloomberg.

A produção industrial acelerou em janeiro e fevereiro (+7,2%), graças à demanda internacional e ao crescimento das exportações. “Esta recuperação industrial evitou um tropeço do crescimento no trimestre”, disse Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.

Mas o crescimento chinês continua “sob pressão”, ameaçado pela tensão comercial com os Estados Unidos, adverte Hao Zhou, economista do Commerzbank.

O presidente americano Donald Trump ameaça adotar tarifas de importação de até 150 bilhões de dólares para os produtos chineses. Pequim poderia optar por adotar represálias.

O porta-voz do Escritório de Estatísticas, Xing Zhihong, afirmou, no entanto, que tensão com Washington “não é um problema para a economia chinesa”.

Outro risco para a economia é a enorme dívida e os esforços do governo para reduzi-la, que está provocando uma diminuição drástica dos créditos, um dos motores do crescimento econômico nos últimos anos.

“O setor da construção já enfrenta uma desaceleração, os governos locais reduzem os gastos em obras de infraestruturas para conter o nível de endividamento”, afirma Julian Evans-Pritchard.

O governo de Pequim estabeleceu como objetivo para 2018 um crescimento próximo a 6,5%, inferior ao de 2017 (+6,9%).