Uma pesquisa dos economistas Marcel Balassiano e Samuel Pessôa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) indica que a economia brasileira deve completar 16 anos de crescimento econômico abaixo da média mundial. O levantamento foi publicado pela Folha de SP e leva em consideração dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e pesquisa Focus do Banco Central.

O estudo aponta que, desde 2011, uma combinação de recessão, estagnação e baixo crescimento econômico deixou o Brasil distante da média global. Ganharam destaque ações governamentais que ferem a política de controle de gastos, o que gerou reflexos no câmbio e na inflação.

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O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu em média, desde 1987, 2% ao ano, 1,4 ponto percentual abaixo do crescimento mundial médio, que ficou em 3,4%. O déficit em relação ao crescimento global foi superado apenas em alguns anos dos governos Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Atualmente, a diferença em relação ao crescimento global deve ficar em 2%. Apesar de a pandemia de Covid-19 afetar todas as economias, a brasileira registrou retração maior que a média global.

A desvantagem só foi maior durante os governo Dilma Rousseff e Michel Temer, quando o PIB cresceu 2,9% abaixo da média global. A pesquisa aponta que uma das causas foi a “Nova Matriz Econômica”, implantada no governo Dilma, que visava à uma política econômica mais intervencionista e teria deixado de lado metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante.

“O Brasil sofreu uma forte desaceleração da sua economia nos últimos anos, em especial no biênio 2015-2016. Além disso, o descolamento do desempenho da economia brasileira recentemente com alguns grupos de comparação, o que não ocorreu em outros períodos do passado, reforça a visão de que essa perda de ritmo recente decorre, em grande medida, de fatores específicos da nossa economia”, afirma o estudo, que conclui que o baixo crescimento econômico está mais relacionado a políticas internas do que fatores externos e aquém do alcance governamental, como crises políticas, fim do boom de commodities dos anos 2000, problemas hídricos dos anos 2010 e até a Operação Lava Jato.