A economia alemã, primeira da Europa, perdeu força em 2018, mas evitou a recessão, graças a uma leve recuperação no quarto trimestre, que já soma nove anos de crescimento.

Em 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,5% depois dos 2,2% em 2017, informou o escritório federal de estatísticas Destatis, nesta terça-feira (15).

A Alemanha evitou por pouco a recessão técnica, ou seja, dois trimestres consecutivos de queda do PIB, após a queda de 0,2% no trimestre anterior.

Já 2018 marcou um novo superávit recorde de suas contas públicas (incluindo o estado federal, estados regionais, municípios e Previdência Social) de 59,2 bilhões de euros, 1,7% de seu PIB.

De acordo com Carsten Brzeski, economista do banco ING, embora a economia alemã tenha “seu pior resultado em cinco anos”, conseguiu superar os obstáculos, saindo “apenas com um olho roxo”.

Entre os fatores temporários que afetaram o crescimento, o especialista destaca o clima ruim de inverno, a epidemia de gripe, as greves, o baixo nível de água nos rios, o que dificultou o transporte para algumas indústrias-chave, e problemas de infraestrutura.

Os problemas mais importantes em 2018 vieram, porém, do setor automotivo, com as consequências do caso de motores a diesel adulterados e as dificuldades de adaptar a produção desta área essencial da economia alemã aos novos padrões antipoluição europeus. Essas regras entraram em vigor em setembro.

A Alemanha ainda pode contar com sua demanda interna, graças ao consumo privado e público, bem como com os investimentos, apoiada por uma taxa de desemprego historicamente baixa (4,9%) e pelo aumento dos salários.

Neste contexto, e com um novo recorde de superávit, o debate sobre o orçamento deve ser reaberto em um país, cujo governo foi acusado de gastar muito pouco.

“Com um superávit de 59 bilhões de euros, a política econômica tem munição suficiente para usá-la de maneira inteligente e em uma perspectiva de longo prazo”, diz Jörg Zeuner, do banco KfW.

No momento, a coalizão do governo parece dividida sobre esta questão.

O ministro das Finanças, o socialdemocrata Olaf Scholz, disse recentemente que “os esplêndidos anos para as receitas públicas acabaram”.

Já o ministro da Economia, o conservador Peter Altmaier, pediu uma autêntica “política industrial” e reduções fiscais, com o objetivo de melhorar a atratividade econômica da Alemanha contra concorrentes como os Estados Unidos.

“É hora de apoiar o crescimento”, disse o ministro Altmaier ao jornal Handelsblatt, pedindo a redução de taxas para este ano, assim como a possibilidade de novos investimentos públicos.