Aaprovação do uso emergencial das vacinas contra Covid-19, no Brasil, trouxe a esperança de que dias melhores se aproximam. A decisão é, sem dúvida, fundamental para que possamos controlar a pandemia. Dessa forma, além de poupar milhões de vidas, também será possível auxiliar na recuperação econômica do nosso território que, desde março do ano passado, sofre com a crise provocada pela infecção viral.

O início da luta para imunizar a população movimenta o mercado nacional e possibilita que novas portas possam ser abertas para diferentes segmentos, inclusive, para o turismo.

É inegável que 2020 marcou o setor de turismo de inúmeras formas. A hotelaria brasileira, por exemplo, teve quase 80% dos seus estabelecimentos fechados até junho, provocando um saldo negativo expressivo em seu faturamento anual. Além disso, os bares e restaurantes também não ficaram para trás no que diz respeito aos prejuízos: os maiores cortes de vagas de emprego ocorreram nesses estabelecimentos, com menos 72,1 mil funcionários.

Estima-se que tivemos uma perda de R$ 261,3 bilhões desde a chegada do coronavírus em nosso País. Esse valor gerou um problema estrutural para o trade. É sabido que, com isso, o setor fechou o último ano operando com apenas 42% da capacidade mensal de geração de receitas, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Nossas perdas de faturamento iniciaram na casa dos R$ 13,38 bilhões, em março. No mês seguinte, tivemos um registro negativo de R$ 36,94 bilhões e, na sequência, chegamos ao pico do problema financeiro com a marca de R$ 37,47 bilhões, em maio.

Graças às intervenções que o empresariado turístico teve, com a solicitação de Medidas Provisórias e Projetos de Lei para minimizar os danos, conseguimos fechar o ano com menos R$ 15,83 bilhões, sendo um valor expressivamente mais “tranquilo”, levando em consideração o crescimento exacerbado do déficit ao longo dos últimos meses antes de dezembro.

“Os empesários passam por momentos turbulentos, mas que estão sendo minimizados pelo esforço conjunto para combater essa crise global”

É importante destacar que todos esses valores culminaram na eliminação de 569,4 mil postos de trabalho, até outubro do ano passado, sendo o equivalente a 12,9% da força de trabalho brasileira no setor. Não foram dias fáceis. Houve muito sofrimento por trás de cada percentual calculado.

Entretanto, no dia 19 de janeiro, foi divulgado que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), medido pela CNC, recuou em 2,2% neste mesmo mês, caindo a 105,8 pontos. Apesar da segunda queda mensal consecutiva, o indicador permaneceu acima dos 100 pontos pela quarta vez seguida, sendo um indício de otimismo para o mercado. Os empresários – de todos os setores – passam por momentos turbulentos, mas que estão sendo minimizados pelo esforço conjunto para combater essa crise global.

A luta por dias melhores não pode parar, especialmente dentro do nosso segmento. Claro que, no caminho para a nossa retomada turística, há momentos altos e baixos que devem ser enfrentados. Mesmo assim, independentemente da situação, o nosso trabalho deve continuar intenso e determinado para driblar os dias escuros que vêm por ai.

Nossos esforços geram resultados. Não podemos duvidar jamais disso! Esse fato pode ser corroborado com a divulgação do Índice de Atividades Turísticas no País, que teve o seu crescimento pelo sétimo mês consecutivo. Entre outubro e novembro do ano passado, esse indicador subiu 7,6%, impulsionado pelos serviços de alojamento e alimentação, que avançaram 9,1%, e pelo segmento de transporte aéreo, que teve alta de 6,8%.

No acumulado dos últimos sete meses analisados, o setor registrou um ganho de 120,8%. Os dados foram apresentados na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Não é à toa que consolidamos o turismo como um dos principais setores econômicos brasileiros. Essa conquista não pode cair no esquecimento. Nós somos gigantes e, assim como em qualquer outra adversidade, sairemos mais fortes ainda dessa pandemia.

Alexandre Sampaio é presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação