A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen, afirmou nesta quarta-feira que a instituição continuará com sua trajetória de elevações graduais nos juros, mas não deu novos sinais sobre o que o Fed pode fazer em sua reunião de dezembro. Segundo ela, a fraqueza da inflação nos EUA provavelmente reflete fatores transitórios, mas também existe a possibilidade de que ela reflita “algo mais persistente”.

Yellen traçou uma avaliação em geral otimista sobre o desempenho da economia americana, mas o Fed continua a debater a fraqueza da inflação. Excluindo-se energia e alimentos, o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida do BC, subiu 1,3% em setembro na comparação anual, ainda abaixo da meta de 2% do Fed.

Em discurso preparado para depoimento no Comitê Econômico Conjunto do Congresso americano, Yellen repetiu sua visão de que as recentes leituras fracas da inflação ao consumidor “provavelmente refletem fatores transitórios”, que devem perder força e levar a inflação de volta à meta de 2%. Ao mesmo tempo, apontou que há incertezas. “É também possível que a inflação baixa deste ano poderia refletir algo mais persistente.”

Dirigentes do Fed parecem preparados para elevar os juros em parte porque o mercado de trabalho continua a melhorar. A taxa de desemprego ficou em 4,1% em outubro, abaixo do nível que dirigentes do Fed veem como sustentável no longo prazo, e a economia parece crescer acima de seu potencial, mesmo antes de o Congresso avaliar cortes de impostos que poderiam elevar o Produto Interno Bruto (PIB) ainda mais no próximo ano.

Yellen pode ser questionada por congressistas nesta quarta-feira sobre como o Fed poder reagir a qualquer impulso na demanda ou no consumo com os cortes de impostos desejados pelo Partido Republicano. A Câmara dos Representantes já aprovou neste mês um pacote de reforma tributária e o Senado deve considerar outro projeto sobre o mesmo tema nos próximos dias.

Em seu discurso preparado, Yellen não tratou especificamente das propostas do Legislativo, mas encorajou o Congresso a avaliar legislação que possa impulsionar a produtividade da força de trabalho e aumentar a taxa de participação dessa força de trabalho, entre elas políticas que encorajem investimentos das empresas e formação de capital. “Para gerar um impulso sustentável no crescimento econômico sem causar inflação muito alta, precisamos lidar com essas causas subjacentes” da baixa produtividade e do crescimento mais modesto na força de trabalho, argumentou ela.

Yellen argumenta que a elevação gradual nos juros sustentará um mercado de trabalho saudável e levará a inflação a se estabilizar em 2%. Segundo ela, o crescimento se fortaleceu neste ano, mas o avanço nos salários seguiu “relativamente modesto”. A presidente do Fed sustenta que o crescimento econômico ganhou impulso, após um rimo mais lento mais cedo neste ano.

Para ela, as vulnerabilidades em geral do setor financeiro parecem “moderadas”, com o sistema bancário bem capitalizado e a alavancagem e o crescimento no crédito ainda contidos.

Yellen comentou ainda o processo de redução no balanço do Fed. Segundo ela, os dirigentes não veem a necessidade de alterar esse cronograma para o balanço. Yellen disse que houve um efeito mínimo ou mesmo inexistente até agora no mercado, associado ao processo de redução gradual do balanço do BC. Ao mesmo tempo, a presidente do Fed afirmou que a instituição está preparada para retomar os reinvestimentos, caso ocorra uma piora substancial da perspectiva econômica. Fonte: Dow Jones Newswires.