O carnaval prolongado de 12 dias de deputados federais e senadores finalmente termina na terça-feira 16. A folia parlamentar, convenhamos, durou muito mais tempo do que as tradicionais festas em Salvador e Olinda. O retorno aos trabalhos no Congresso Nacional se dará num contexto de crise política e recessão econômica. Gostemos ou não, os parlamentares terão papel decisivo no ambiente de negócios do País. 

Os empresários engavetaram seus projetos de investimentos à espera de um desfecho para a crise política. Embora o cenário de impeachment da presidente Dilma Rousseff tenha perdido força na virada do ano, ninguém sabe ao certo se a petista permanecerá no cargo até 2018. Por via das dúvidas, líderes do setor produtivo e do sistema financeiro já sedimentaram pontes com o vice Michel Temer.

Há outro cenário possível, embora pouco provável, de cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesse caso, novas eleições seria convocadas se a decisão ocorresse ainda em 2016. Caso contrário, com menos de dois anos para o término do mandato, o Congresso Nacional escolheria o novo presidente da República. Para apimentar um pouco mais o clima político, os deputados federais terão de decidir o futuro do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de ter mentido sobre contas secretas na Suíça.

Vencida a etapa política, é possível que os parlamentares centralizem esforços para colocar o dedo na ferida fiscal. O tema não é trivial. A relação dívida pública/PIB está em trajetória de alta e vai romper a barreira dos 70%, patamar considerado crítico pelas agências de classificação de risco. Nesse contexto, o governo tenta promover uma Reforma da Previdência – debate legítimo e necessário – e, ao mesmo tempo, quer emplacar a recriação da CPMF – ideia descabida e indecente. Chegou o momento de o Congresso Nacional dar um desfecho à crise política – qualquer que seja o resultado – e focar suas energias no destravamento da pauta econômica. O País não pode esperar. O desemprego cresce diariamente e a população clama por soluções. É hora de trabalhar, parlamentares.