Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deixou claro a sua visão e da entidade em relação à retomada pós-pandemia da covid-19. Durante sua entrevista na live da DINHEIRO, na segunda-feira (22), ele disse que “as indústrias brasileiras estão com um nível de ociosidade em cerca de 70%”. No entanto, reforça que agora é o momento de todos – governos e empresários – focarem na “sobrevivência das empresas e manutenção dos empregos”.

O dirigente analisou os problemas que abalaram de maneira profunda a produção industrial, a comercialização dos produtos e da queda brutal do faturamento das empresas em função da crise causada pelo coronavírus. Apesar dos dissabores, Andrade é otimista: “Este ano será muito difícil, mas em 2021 se dará o início da recuperação”, avaliou. “Minha esperança é positiva para o futuro.”

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A CNI, que ele dirige há duas décadas, encaminhou ao governo federal uma lista com 68 propostas para que o Brasil saia das crises sanitária, do emprego e econômicas fortalecido. Entre as medidas, que ele acredita ser mais urgentes para adoção, estão a prorrogação e redução dos pagamentos de impostos e créditos mais facilitados para pagamento de salários e para capital de giro. “O Banco Central precisa colocar dinheiro direto nas contas das empresas”, sugeriu.

Aos 72 anos, Andrade, que é mineiro de São João Del Rei, é também presidente da Orteng Equipamentos e Sistemas Ltda, sediada em Contagem, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A empresa produz equipamentos para os segmentos de energia, petróleo, gás, mineração, siderurgia, saneamento, telecomunicações e transportes. Durante a entrevista a Celso Masson, diretor de núcleo da Editora Três, o empresário falou sobre as propostas da entidade para que as empresas brasileiras possam aumentar a eficiência e a competitividade global diante da instabilidade provocada pelo coronavírus.

Para Andrade,  as medidas adotadas pelo governo Bolsonaro referente às reformas trabalhistas e econômicas deram tranquilidade ao setor produtivo para enfrentar a pandemia. “Temos que comemorar a redução da taxa Selic para 2,25%”. Porém, ele chama atenção na entrevista: “Os empresários necessitam de uma maior previsibilidade das medidas econômicas que serão adotadas pelo governo. A competição mundial vai aumentar demais na pós pandemia”, diz.

De acordo com estudo recente elaborado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), em parceria com o Ministério da Economia, o custo Brasil consome das empresas aproximadamente R$ 1,5 trilhão, o equivalente a 22% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, por ano.

Com base na experiência profissional e de líder setorial, Andrade coordenada a formulação de diretrizes para a recuperação e fortalecimento da indústria brasileira, agora exposta às consequências ainda incertas da pandemia de covid-19 sobre a atividade e a economia como um todo.

“O Brasil investe muito pouco em inovação e tecnologia, que são fundamentais para a economia brasileira. As nossas universidades trabalham muito pouco para as empresas brasileiras”, criticou. “A competição mundial vai aumentar muito. Os países irão adotar barreiras técnicas. Não podemos entregar nosso mercado consumidor. Temos que explorar nossas vantagens competitivas”, concluiu.

Andrade é graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com especialização em Gestão Estratégica para Dirigentes Empresariais pela Fundação Dom Cabral e pelo INSEAD, na França. Presidiu a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) por dois mandatos consecutivos, antes de ser eleito presidente da CNI em 2010. Reeleito em 2014, para o mandato 2014/2018, e em 2018, para o período 2018/2022, ele lidera também o Movimento Empresarial pela Inovação (MEI) e o Fórum Nacional da Indústria (FNI).

Assista a entrevista aqui: