O ano de 2020 foi um divisor para o e-commerce brasileiro. De roupas a itens de luxo, o serviço foi a principal forma de consumo durante a pandemia. Inclusive para um segmento ainda pouco explorado no Brasil: o de produtos autorais. Vendo o potencial do mercado nesse nicho, a americana Etsy, uma das maiores plataformas globais de venda de produtos personalizados, marcou sua entrada na América Latina com o anúncio da compra da Elo7, por R$ 1 bilhão. A startup brasileira criada em 2008 se coloca como líder nacional em mercadorias personalizadas e sob encomenda – artigos que vão de roupas & acessórios a peças de decoração, todos feitos à mão. Para o CEO da Etsy, Josh Silverman, a aquisição significa a entrada em um mercado único. “Esta transação estabelecerá para nós base em uma região de comércio eletrônico pouco penetrada”, afirmou em comunicado oficial.

Seguindo a estratégia comum a varejistas digitais americanas de ampliar a base de clientes para ganhar relevância, a companhia comandada por Silverman adiciona cerca de 1,9 milhão de compradores ativos no marketplace Elo7 e aproximadamente 56 mil vendedores ativos. São ao todo 40 categorias de produtos vendidas na plataforma, que totalizou mais de R$ 3 bilhões em receita para os vendedores nos 12 anos de atuação.

ESTRATÉGIA A aquisição deve dar tração e aumentar a presença da companhia brasileira no mercado além de ampliar a jornada dos usuários. É o que espera o CEO da startup brasileira, Carlos Curioni. “Estamos ansiosos para alavancar a experiência em produtos e marketing da Etsy”, afirmou em comunicado oficial. “E atingir todo o nosso potencial no Brasil”. Curioni vai ser o chairman da operação local e manterá a sede em São Paulo, onde possui 150 funcionários.
A companhia americana tem valor de mercado de US$ 25,8 bilhões – as ações da Etsy este ano valorizam 18% entre janeiro e 30 de junho. No ano passado, as receitas cresceram 111% (para US$ 1,7 bilhão) e o lucro líquido saltou 264% (para US$ 349 milhões). O crescimento por aquisição, que incluiu a Elo7, é parte clara da estratégia. No início de junho, a companhia anunciou a compra da plataforma londrina Depop por 1,5 bilhão de euros. A negociação também aguarda aprovação de autoridades reguladoras, esperada para o terceiro trimestre.