Até 2026, o mercado global de e-books deve crescer 28% em receitas e saltar dos US$ 18,1 bilhões de 2020 para os US$ 23,1 previstos, segundo estudo da BusinessWire. Será uma alta anual média de quase 5%. De acordo com o relatório, “o desenvolvimento técnico e a sofisticação dos dispositivos de leitura, que proporcionam uma experiência semelhante à de um livro real, são os principais fatores que impulsionam o mercado global de e-books”. Além disso, “a crescente adoção de smartphones e recursos multilíngues é uma vantagem que deverá impulsionar a demanda”. Em outras palavras, um universo em transformação.

De certa forma, o Brasil pega carona no tema. Pesquisa divulgada ano passado pela Câmara Brasileira do Livro com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, com dados de 2020, mostra que o mercado nacional cresceu em todas as frentes: entre 2019 e 2020, o volume de unidades vendidas saltou 83% (de 4,6 milhões para 8,4 milhões), as receitas subiram 36%, o preço médio caiu 25% e o número de lançamentos se elevou 16%. No período, a fatia de livros virtuais no faturamento das editoras subiu de 4% para 6%. Mas ainda é um número pequeno, na casa dos R$ 140 milhões – algo como ínfimos 0,1% dos cerca de R$ 102 bilhões do mercado global, se levarmos em conta os dados da BusinessWire. No Chile, as vendas de ebooks somaram R$ 28,8 milhões, em 2020. Dá 20,6% das receitas brasileiras, mas num país com 9% da população do Brasil, o que mostra uma receita per capita acima do dobro da que temos por aqui.

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Esse é o ponto. Existe um comportamento propício à adoção de livro virtual, o que pode destravar conhecimento num lugar historicamente desprovido, como o Brasil. Mas perdemos tempo com o desgoverno que discute se crianças devem ou não ser vacinadas contra a Covid, imagine para discutir a adoção maciça de livros virtuais. Trata-se, além de tudo, de um vespeiro. Editoras contempladas nas licitações fazem fortunas abastecendo o governo via Programa Nacional do Livro Didático. O orçamento destinado a aquisição e reposições em 2021 foi de R$ 2,4 bilhões – 17 vezes mais que todas as vendas de ebooks no País em 2020.

Na outra ponta de para-onde-caminha o-mundo temos, por exemplo, o Japão. O país acaba de decidir que terá a partir de abril o uso intensivo de ebooks com foco em inglês para alunos de quinto e sexto ano de escolas públicas e privadas. A ideia é comparar a performance dos estudantes com ebooks e livros convencionais e, a partir de 2024, adotar totalmente o formato virtual. No documento The Future of Education and Skills, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), se estabelece que a alfabetização e a matemática continuam a ser cruciais. “Na era da transformação digital, alfabetização digital e alfabetização de dados estão se tornando cada vez mais essenciais”. E nisso os livros virtuais devem ter papel decisivo. Pelo menos nos chamados países desenvolvidos estratégias de ensino com foco no ebook já estão na pauta. Não é de novo o nosso caso.