Depois de um primeiro escrutínio em que denúncias e acusações tomaram o lugar central das campanhas, chegou a hora de dirigir os holofotes para as propostas com que Dilma Rousseff e José Serra pretendem seduzir o eleitorado. Ambos ainda têm muito a dizer sobre como planejam resolver os problemas econômicos do País e, sobretudo, defender a viabilidade financeira de suas ideias. O Brasil vive o início de um ciclo de crescimento vigoroso. O PIB deverá se expandir cerca de 7% este ano. O desemprego caiu a patamares impensáveis anos atrás. 

 

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Os investimentos produtivos atingem níveis inéditos. E o melhor: tudo isso com uma inflação que parece inteiramente domada. Ótimo, mas há perguntas que não calam. Como manter o cenário de crescimento nos próximos anos de forma sustentada? O que fazer com a questão cambial? Quais os ajustes necessários nas contas públicas? 

 

A essas questões, os candidatos respondem ora com pronunciamentos óbvios, ora com o mais constrangido silêncio. Mesmo sem apresentar saídas para esses problemas, acumulam promessas sem a preocupação de mostrar como pretendem tirá-las do papel. 

 

Serra, por exemplo, garante que brindará os aposentados com um aumento de 10% em suas pensões – mas não dá uma palavra sobre o impacto dessa medida no déficit da Previdência Social, cujas contas apresentam um rombo superior a R$ 30,7 bilhões nos primeiros oito meses deste ano. 

 

O tucano também se compromete a criar o 13º salário para o Bolsa Família. Muito bonito, mas seu partido critica há tempos os programas sociais (sempre classificados de populistas) e seus efeitos sobre as contas públicas. Por que mudou de opinião? 

 

Da parte de Dilma, há o compromisso de erradicação da pobreza, reduzida à metade nos oito anos em que Lula esteve à frente do governo. É uma promessa semelhante a um abaixo-assinado a favor da energia elétrica – nenhum ser humano gozando plenamente de suas faculdades mentais será contrário a ele. 

 

Porém, como a candidata pretende concretizar esse sonho? Os eleitores esperam a resposta. Por isso, as quatro semanas que separam os dois turnos da eleição se apresentam como o palco ideal para um profundo debate sobre grandes temas econômicos, que mexem com a vida de todos os brasileiros. A partir de agora, a palavra está com os candidatos.