Com as eleições, os brasileiros estão mais do que nunca atentos às candidaturas na expectativa de escolherem um futuro melhor para o País. Segurança pública, educação, desemprego, combate à corrupção são as prioridades, questões que, sem dúvida, muito têm a ver com a dinamização da atividade econômica, com a geração de emprego e renda. No entanto, os planos dos presidenciáveis apresentados até o momento em muito pouco detalham as ações a serem tomadas para alavancar o comércio exterior, componente fundamental da economia, com especial importância para atrair investimentos, desenvolver a indústria, mantê-la atualizada e competitiva, criar e manter postos de trabalho, aumentar a renda per capita e, consequentemente, para melhorar a qualidade de vida da população.

O Brasil é uma das maiores economias mundiais e, dessa forma, precisa assumir seu protagonismo o que implica em melhorar sua posição no ranking dos maiores exportadores. Não podemos ser a nona economia do mundo e não estar nem entre os 25 maiores exportadores. Essa é uma discrepância que o próximo mandatário terá a missão de começar a corrigir. Mas para que essa correção seja efetiva, colocando o Brasil de volta na trilha do desenvolvimento, o presidente eleito terá que dirigir o País em direção a seu destino, com protagonismo, reconquistando nossa credibilidade no exterior, garantindo segurança jurídica à sociedade nacional e internacional e dando solidez às nossas instituições com a consolidação dos valores democráticos.

Um bom começo seria as candidaturas sinalizarem definições sobre questões como: quem será o titular do Itamaraty; que esforços serão empreendidos para avançar as negociações de acordos bilaterais; como esses acordos vão permitir o livre fluxo de investimentos evitando a bitributação; e, principalmente, quais são os planos do Brasil para aproximar parceiros num momento em que o protecionismo ressurge como retaliação política. Num ambiente em que até o comércio internacional encontra-se polarizado, temos uma grande oportunidade.

O desafio do próximo presidente é diversificar alianças e aproximações estratégicas, exercendo a natural capacidade brasileira de se relacionar com diversas culturas de forma pacífica e cordial. Os países da Liga Árabe, por exemplo, compram do Brasil um volume de US$ 13,6 bilhões e geraram nada menos que 10% de todo superávit comercial recorde de 2017. São o segundo maior destino de nossos produtos agrícolas, alimentos e carnes, superados apenas pela China, e devem assim ser considerados como um mercado estratégico para o Brasil. Isso porque têm uma população conjugada de 450 milhões de pessoas, sem falar no mercado expandido, altas taxas de natalidade, demanda assegurada por alimentos e diversas tecnologias pelas próximas cinco décadas. Além disso, são parceiros que tradicionalmente desenvolvem relações duradouras e leais, não só por meio do comércio, mas, também, pelos investimentos.

Os países árabes do Golfo Arábico detêm 40% do capital mundial de fundos soberanos disponível no mundo. Parte desse capital já é aplicado no Brasil na forma de participações em empresas de alimentos, projetos de infraestrutura e nos setores de transporte e logística. Não por acaso, todas atividades relacionadas ao suprimento de alimentos, o que nos países árabes é uma questão de segurança, pela ausência crônica de solos aráveis. Podia ser muito mais. Pouco tem sido feito para facilitar a entrada do dinheiro árabe no Brasil, particularmente em relação aos acordos de não bitributação do Imposto de renda sobre os lucros. São evidentes as sinergias que o Brasil pode explorar para reforçar seus laços com esse bloco. Cabe ao próximo mandatário identificar essas oportunidades e usá-las com sabedoria. É importantíssimo e urgente saber quais são as ideias dos presidenciáveis nesse sentido.