Há 25 anos, o palestino Nadim Khoury fundou na Palestina uma cervejaria. Era 1994, e ele estava otimista com o primeiro acordo de Oslo, intermediado pelo então presidente americano, Bill Clinton, que pavimentava a paz entre judeus e palestinos – as matrizes do acordo nunca foram adotadas e a questão nuclear, um estado para a Palestina, não aconteceu. Para Khoury, um estado soberano precisaria de sua própria cerveja. Por esse motivo ele criou a Taybeh Brewing Company, diz reportagem da Deutsche Welle (DW). Consumida por judeus e palestinos, suas cervejas conseguiram o que os políticos estão bem longe de repetir: a aceitação mútua.

Todas as seis variedades são preparadas de acordo com a lei de pureza alemã, disse Khoury. Para melhorar a participação no mercado, a cerveja é kosher (segue regras judaicas para comidas e bebidas) e, em sua forma não alcoólica, halal (segue regras muçulmanas para comidas e bebidas) – 60% da produção é vendida na Cisjordânia, 30% em Israel e os 10% restantes são exportadas para Alemanha, Chile, Espanha, Estados Unidos e Reino Unido.

O país vizinho, no entanto, não é simplesmente um mercado para Taybeh. Khoury vê a cerveja de Taybeh como uma pequena contribuição para a coexistência. Reúne israelenses e palestinos – cristãos, judeus e muçulmanos. “As pessoas aproveitam todas as oportunidades para encontrar distrações”, disse Khoury, 59 anos, à DW. “Com ou sem álcool, uma garrafa de cerveja permite que as pessoas relaxem e esqueçam a política por um tempo”.

Ainda assim há problemas. O Hamas proibiu os produtos da cervejaria de Gaza – incluindo a variedade sem álcool. As exportações para Israel também têm altos e baixos. Antes da Segunda Intifada, de 2000 a 2005, as vendas foram mais do que o dobro do que são hoje. A água, base para a indústria cervejeira, vem de uma fonte que está sob controle israelense e o acesso a ela já teve várias interrupções. Lúpulo, malte e levedura são importados da Europa. O muro que Israel construiu e seus postos de controle na Cisjordânia são outras barreiras para seus negócios. “Até hoje, só podemos exportar nossa cerveja via Israel”, disse à DW. Apesar de todos os obstáculos, a Taybeh tem uma produção anual de 600.000 litros de cerveja por ano.