O enredo a seguir percorre três eras distintas. Sua origem remonta à Itália do século 17, chega aos dias atuais com drones sobrevoando vinhedos e aponta para um futuro no qual a evolução de um vinho poderá fazer dele o precursor de um novo estilo na tradicionalíssima Toscana. O cenário é um castelo construído no ano 1.000, em Maremma, ao sul de Siena. Os protagonistas são representantes de várias gerações da família Biondi Santi, cuja história se confunde com a fama dos grandes vinhos da região, incluindo o célebre Brunello di Montalcino. A trama em si gira em torno da criação de uma joia: o Sassoalloro Oro, tinto cujo nome repete intencionalmente a palavra oro, ouro em italiano. Em concursos de vinhos, duplo ouro é a maior premiação possível. Pois este rótulo já nasce destinado a fazer história. Antes de apresentá-lo, vale voltar no tempo para entender melhor seu DNA.

Foi nos idos de 1800 que Ferruccio Biondi Santi plantou seu primeiro vinhedo em Montalcino, com um clone da uva autóctone Sangiovese, a Sangiovese Grosso. Nascia ali um dos maiores casos de sucesso da vitivinicultura italiana, o Brunello di Montalcino, apreciado em todo o mundo. Séculos depois, a história da família ganharia um novo impulso a partir do espírito visionário de um de seus descendentes, Jacopo Biondi Santi. Determinado a modernizar o estilo de vinho que seus antepassados consagraram, ele decidiu investir na compra do Castello di Montepò para iniciar ali uma nova saga com o mesmo clone da Sangiovese Grosso, aquela altura já registrado com as iniciais de seu sobrenome, o BBS 11. A partir de estudos em colaboração com a Universidade de Siena, introduziu também veriedades como Cabernet Sauvignon e Merlot para produzir supertoscanos (denominação criada para distinguir os rótulos da Toscana elaborados com uvas não autóctones, como é o caso das castas francesas).

O VINHO E SEU CRIADOR Tancredi Biondi Santi, o vinho que ele criou com o pai e o castelo (abaixo) que data do ano 1.000: tradição e modernidade. (Crédito:Divulgação)

O êxito foi tão grande que permitiu vender a propriedade onde era produzido o Brunello di Montalcino e assim investir mais recursos nos 50 hectares de vinhedos do Castello di Montepò. Em uma decisão arrojada, Jacopo e seu filho Tancredi (que esteve recentemente no Brasil) obtiveram licença especial para tratar as parreiras com uso de drones, algo inédito na Europa. “Isso permitiu mapear a atividade fotossintética das plantas e fazer as intervenções necessárias de forma muito mais eficiente, o que se traduz na alta qualidade da uvas colhidas”, afirmou Rodrigo Mainardi, da importadora Mistral, que vende o Sassoalloro Oro 2019 com exclusividade (R$ 939,10, 750 ml).

Elaborado com as uvas de uma parcela especial do vinhedo, onde estão as parreiras mais antigas, ele é o primeiro vinho do projeto Biondi Santi 2030, que prevê uso intensivo de tecnologia no campo, mas não na cantina. “A vinificação é mantida em segredo”, disse Mainardi. De ótima acidez, o vinho tem a profundidade de safras mais antigas, com a cor de uma bebida jovem. Um encontro de eras, que une tradição e modernidade para redefinir o futuro do vinho italiano.

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