Bem ao estilo enquanto alguns choram outros vendem lenço, a Sumitomo Rubber, multinacional japonesa fabricante dos pneus da marca Dunlop e Falken, anunciou na quarta-feira (15) um investimento de R$ 1,06 bilhão na ampliação da sua fábrica em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. À primeira vista, pode soar estranho uma empresa de peças automotivas investir num cenário em que as vendas de carros novos derrapa há mais de três anos. Mas, pela lógica da empresa, faz todo o sentido. A Dunlop quer pegar carona no movimento alta demanda por cuidados com carros usados. Afinal, quem não compra um zero quilômetro, investe na manurtenção do que está na garagem. Aí a venda de pneus cresce.

Com a expansão da fábrica, a produção de pneus para veículos leves será de 23 mil unidades por dia. Já os pneus de carga devem chegar a 2,2 mil/dia até 2025. A planta já opera no topo de sua capacidade, em três turnos, 24 horas por dia, sete dias por semana. O anúncio ocorreu durante a missão comercial internacional do Estado do Paraná ao Japão e a Coreia do Sul liderada pelo governador Ratinho Junior, para expandir as exportações do estado aos dois grandes mercados asiáticos. Este é o segundo aporte bilionário da empresa em menos de dois anos.

Hoje, 80% da produção da Sumitomo é destinada ao mercado de reposição, e 20% tem o foco em parcerias com montadoras, que usam os pneus da linha como produtos originais nos veículos. No Brasil, a empresa tem parcerias com montadoras como Toyota, Volkswagen, Honda e Iveco. Globalmente, atende marcas como Nissan, Ford, Subaru, Audi, Porsche, Mitsubishi e Mercedes-Benz. Além da planta no Brasil, a empresa possui fábricas nos Estados Unidos, China, Indonésia, Tailândia, Turquia e África do Sul. Com esse investimento, a centenária Sumitomo, quer aumentar a participação da América do Sul nas vendas da empresa, atualmente concentradas no Japão, América do Norte, Ásia e Europa. A expectativa é que sejam criados 1 mil empregos diretos e indiretos no Paraná.

Para se destacar, a empresa aposta na diferenciação e no lançamento de novos produtos. A tecnologia usada nos pneus produzidos pela Sumitomo Rubber no Brasil, por exemplo, foi desenvolvida no Japão e o método de fabricação é sem emendas nas partes de borracha. Além disso, a marca atingiu recorde de vendas no canal e-commerce e expandiu a rede de lojas oficiais, credenciadas e lojas containers destinadas a pneus de carga.

E quando a empresa japonesa vai bem, o Estado acompanha. Dos 212 países para os quais o Paraná exportou em 2022, Japão e Coreia do Sul ficaram entre os 12 maiores compradores, relação comercial que deve avançar com a missão organizada pela Invest Paraná. Para o secretário de Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros, com os investimentos da Dunlop a empresa poderá suprir a demanda interna e turbinar as exportações. “Precisamos de mercados que absorvam nossa produção”, disse.

De acordo com dados levantados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), a Coreia do Sul foi o 8º país que mais adquiriu produtos do Estado em 2022, totalizando US$ 601,5 milhões. O Japão ocupou a 12ª colocação, movimentando US$ 545,3 milhões na compra de produtos paranaenses.

MERCADO Se no Paraná e na Sumitomo o mercado vai bem, o mesmo não pode dizer de outros concorrentes. Segundo Klaus Curt Müller, presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), na semana que a Sumitomo anunciou o investimento, outras fabricantes de pneus programaram férias coletivas e começam a falar na possibilidade de uma rodada de demissões caso o governo não reverta a medida de Bolsonaro que zerou o imposto de importação do produto em 2021 em meio às ameaças de greve de caminhoneiros. “Com perda de mercado para os pneus importados, o setor planeja expandir as medidas de corte de produção e pessoal.”