Esqueça aqueles drones vistos em praias, parques e afins, rodando por aí captando imagens bonitas que vão direto para redes sociais em busca de likes. Esse tipo de uso da tecnologia representa apenas 7% do mercado global de drones, que atualmente movimenta US$ 127 bilhões, segundo a consultoria PwC. O grosso do mercado vem de usos profissionais, onde o aparelho é uma ferramenta de trabalho vital para a produtividade de empresas nos mais diversos setores. Todas elas estarão presentes no Drone Show, feira especializada em drones que acontece junto com a Mundo GEO Connect.

Simultâneas, as feiras acontecem de 25 a 27 de junho no Centro de Convenções Frei Caneca e unirá todas as partes envolvidas no universo de coleta, armazenamento e análise de dados e informações com foco profissional. Porém, é inegável que o destaque deste universo está nos pequenos aparelhos voadores controlados de maneira remota, tanto que a Drone Show nasceu como um “spinoff” da Mundo Geo, e hoje já é maior que a feira irmã. A tecnologia dos aparelhos avançou a tal ponto que os aparelhos são meros commodities perto dos sensores e softwares desenvolvidos para serem usados com eles, e quem defende isso é Emerson Granemann, fundador da Mundo Geo, que organiza os dois eventos.

“O aparelho não faz nada sozinho. O que dá valor é a tecnologia embarcada, sensores, ferramentas de processamento de imagens. Os usuários querem dados processados, é o grande diferencial do setor, a qualidade dos dados” diz Granemann. Por conta disso, dos 80 expositores que a feira terá em 2019, cerca de 15 a 20 são produtores dos drones. Os outros são responsáveis pelos “extras”, que realmente dão sentido aos usos dos aparelhos, como os sensores e softwares que personalizam o uso da tecnologia.

“Estimamos que existam no Brasil 100 mil drones. A Anac tem apenas 70 mil registrados – 35% estão registrados para uso profissional”, diz Granemann, da Drone Show

Da lista dos empresas que estarão representadas, algumas chamam a atenção, como a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e o Ministério da Defesa. A presença de órgãos regulatórios é explicada por uma questão latente no mundo dos drones hoje, a regulamentação. Antes de 2017, não havia nenhuma lei ou regra que determinasse boas práticas de drones no Brasil. Desde então leis foram estabelecidas e, em um País que pede para a desburocratização de diversas áreas, no setor dos drones a presença do governo é vista com bons olhos. “A regulamentação permite maior segurança jurídica. Antes o compliance de empresas não permitia o uso de drones. As leis vieram para melhorar o ambiente profissional dos drones”, explica Granemann.

A ANAC e o DECEA se mostraram sensíveis para fazerem ajustes nas regras devido as novas demandas e aos avanços tecnológicos, enquanto o Ministério da Defesa, apesar de ter demorado a se manifestar, também está disposto a flexibilizar, mesmo que o fundador da feira acredite que a entidade será “massacrada” por suas regras “antigas e arcaicas.  O intuito do evento é justamente o de ligar todos as partes envolvidas no meio em torno de um evento que terá um total de 240 horas de conteúdo entre palestras, seminários, fóruns e cursos, que visam expandir um setor que movimenta bilhões mundialmente e que até 2020, pode crescer até 33% segundo dados da consultoria Frost & Sullivan.