O aeroporto de Erbil, capital do Curdistão iraquiano, foi alvo nesta quarta-feira de um ataque com drone, segundo autoridades curdas, em uma escalada sem precedentes das armas usadas para atacar os soldados americanos posicionados no local.

A explosão, ouvida em vários pontos da cidade, não teve a autoria reivindicada formalmente, mas, assim como ocorreu em fevereiro, quando foguetes mataram em Erbil um subcontratante estrangeiro da coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos e um iraquiano, o grupo Guardiões do Sangue se manifestou. Ele é formado por facções pró-Irã que atuam há anos no Iraque, e aplaudiu a explosão em Erbil.

À noite, um cordão de segurança bloqueava todos os acessos ao aeroporto, afirmaram testemunhas. O governador assegurou que os voos não foram interrompidos.

“Indignado com as informações de ataques na região do Curdistão iraquiano”, reagiu no Twitter o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price. “O povo iraquiano já sofreu por tempo demais com esse tipo de violência e violação de sua soberania.”

– ‘Escalada perigosa’ –

O Ministério do Interior do Curdistão afirmou que “um drone carregado com TNT” havia atacado “o quartel-general da coalizão no aeroporto de Erbil”. Hoshyar Zebari, ex-ministro iraquiano de Assuntos Exteriores e figura política do Curdistão, acusou no Twitter “uma milícia” de estar por trás desse ataque “terrorista com foguetes e drones”, referindo-se às facções pró-Irã atuantes no país.

Os pró-Irã multiplicam as declarações de guerra, prometendo forçar a saída do “ocupante” americano, como pediu em votação o Parlamento em Bagdá há mais de um ano.

Uma fonte da segurança iraquiana informou à AFP que foguetes caíram em outros lugares, um deles tendo como alvo as tropas turcas, posicionadas há 25 anos em uma dezena de bases no Curdistão, principalmente para lutar contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que a Turquia classifica de terrorista. Um soldado turco morreu em Baachiqa, informou o Ministério da Defesa daquele país.

Desde que Joe Biden assumiu a presidência americana, em janeiro, bases que abrigam soldados do país ou representações diplomáticas americanas foram alvo de cerca de 20 ataques com bombas ou foguetes. Antes disso, desde o outono de 2019, houve dezenas.

Há uma semana, Washington retomou o “diálogo estratégico” com o governo iraquiano de Mustafah al-Kazimi, ameaçado por apoiadores do Irã. Estados Unidos e Irã estão presentes ou têm aliados no Iraque, onde Washington mantém cerca de 2,5 mil militares.

Os ataques no Iraque representam um desafio para Biden, no momento em que ele abre as portas para retomar as negociações com Teerã sobre seu programa nuclear.