Uma nova pesquisa sugere que as consequências incapacitantes da doença de Alzheimer – antes considerada irreversível – poderiam ser tratadas com drogas sintéticas exclusivas projetadas para ajudar o cérebro a processar proteínas.

Das inúmeras aflições que médicos e especialistas em todo o mundo trabalham para entender melhor, poucas são tão complexas quanto a doença de Alzheimer. Com quase 35 milhões de pessoas diagnosticadas com Alzheimer em todo o mundo, a doença incapacitante tem sido o foco de pesquisadores que buscam descobrir novos tratamentos potenciais e estratégias médicas para virar a maré em uma doença que até agora não tem cura.

Enquanto a cura para o Alzheimer permanece indefinida, uma equipe de neurocientistas de Nova York e do Brasil relataram que podem ter encontrado um novo caminho para reparar alguns dos danos causados ​​pela doença.

Em um estudo publicado nesta terça-feira na revista Science Signaling, pesquisadores relatam que, por meio de uma série de experimentos de memória com camundongos, eles descobriram que produtos farmacêuticos especiais visando a síntese de proteínas no cérebro podem ajudar a restaurar parte da função cognitiva perdida ou prejudicada pela doença de Alzheimer .

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Os especialistas dizem que a base para suas descobertas está no fato de que, quando se trata da formação e do gerenciamento das memórias dentro do cérebro, poucas coisas são tão importantes quanto a capacidade do cérebro de sintetizar as proteínas certas. Esse processo permite que o cérebro mantenha uma atividade neural forte o suficiente para manter as memórias saudáveis, mas aqueles que sofrem de Alzheimer têm muito mais dificuldade para criar essas proteínas essenciais.

Os cientistas, portanto, chegaram a uma pergunta simples: se eles pudessem encontrar uma maneira de impulsionar a capacidade do cérebro de produzir essas proteínas mais uma vez, a função cognitiva perdida pelo Alzheimer poderia ser trazida de volta do limite?

Para testar essa ideia, os pesquisadores analisaram as propriedades regenerativas encontradas na molécula conhecida como ISRIB. Descoberto em 2013, o ISRIB é um composto sintético que pode interagir com códigos genéticos no cérebro para ajudar a aumentar a síntese de proteínas em certas células cerebrais. Os pesquisadores então usaram este composto em um experimento relativamente simples envolvendo ratos de teste com condições semelhantes ao Alzheimer para determinar se o ISRIB reverteu suas deficiências de memória.

Depois de submeter os ratos a uma série de testes de memória e desafios, como fazê-los navegar com sucesso por um labirinto ou reconhecer um objeto único ao qual foram expostos horas antes, os pesquisadores descobriram que o ISRIB teve um impacto profundo nos ratos. Além de impulsionar a síntese protéica nos cérebros dos ratos, os pesquisadores também observaram que o composto sintético trouxe memória drástica e melhorias cognitivas nos ratos tratados.

Os pesquisadores descobriram que os resultados foram consistentes em camundongos com vários graus de gravidade da doença, mesmo com os casos mais avançados de doenças do tipo Alzheimer sendo melhorados com sucesso pelo ISRIB.

O estudo relata que, com a maioria dos tratamentos de Alzheimer se concentrando nos fenômenos mais físicos que vêm com a doença – como a inflamação do cérebro – esses resultados podem oferecer uma nova via de tratamento para os aflitos.