Segurança, preservação do patrimônio e um dinheiro garantido. Essas são algumas das vantagens que levam muitos brasileiros a investir em imóveis. Edson Arantes do Nascimento – sim, ele mesmo – faz parte desse time. “Já perdi dinheiro com sócios, mas os imóveis me deram segurança. 

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“Os aluguéis rendem de 0,5% a 0,7% ao mês e os fundos rendem 0,8%”
Mauro Calil, consultor de investimentos

 Nisso eu segui os conselhos do meu pai”, disse à DINHEIRO o Rei Pelé, que aplica no mercado imobiliário desde os anos 70. No passado, isso só poderia ser feito por meio da compra de uma casa ou apartamento, de olho na renda do aluguel ou na valorização futura. 

 

Hoje, é possível adotar essa estratégia de investimentos sem ter de se arriscar aos dissabores do calote do inquilino, do cano arrebentado e do imóvel vazio: os investidores podem aproveitar o boom do setor aplicando nos diversos papéis lastreados por ativos imobiliários. 

 

As alternativas são várias. Investidores qualificados, aqueles que têm mais de R$ 300 mil disponíveis, podem comprar um Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), um título que paga juros vindos das receitas de aluguel. Quem tem menos dinheiro pode aplicar em um fundo de investimento imobiliário. 

 

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E quem tem estômago forte para suportar os altos e baixos do mercado pode comprar ações de construtoras. Quais as vantagens? A principal é que os papéis oferecem mais liquidez. É possível transformá-los em dinheiro em poucos dias a preços de mercado, ao passo que a venda de um imóvel leva meses. 

 

Se o vendedor de uma casa ou um apartamento tiver pressa, ele tem de conceder um generoso desconto e perder dinheiro. Os títulos também são mais democráticos. Um imóvel, ainda que popular, custa várias dezenas de milhares de reais. Quem investe em um fundo pode começar com R$ 5 mil. 

 

Outra vantagem, cada vez mais importante em tempos de juros declinantes, é que a mordida do Leão é menor nos imóveis de papel. No caso das pessoas físicas, a receita com aluguéis é tributada como os salários. 

 

Ou seja, dependendo do valor, a alíquota do Imposto de Renda pode chegar a 27,5%. No caso dos fundos, o investidor pessoa física não paga imposto. Os fundos ainda não são muito populares, mas sua oferta vem crescendo. 

 

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“Invisto em fundos imobiliários para proteger o patrimônio”

Marco Martignoni, economista e investidor

 

“No ano passado foram negociados mais de R$ 100 milhões no mercado secundário e esse número tende a crescer”, diz o consultor Sérgio Belleza Filho. “Bancos como Bradesco e Itaú Unibanco já oferecem esses produtos.” Na ponta do lápis os papéis são mais rentáveis que os tijolos. “Um aluguel rende de 0,5% a 0,7% do valor bruto do imóvel por mês, ao passo que um fundo rende 0,8% em média”, diz o consultor Mauro Calil.

 

A rentabilidade superior à obtida com tijolos e cimento atraiu o economista Marco Antonio Martignoni, 70 anos. Há nove anos, quando se interessou pelo Fundo de Investimento Imobiliário do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, ele foi até o local, perto de sua residência. 

 

“Vi que todas as lojas estavam alugadas e cheias de clientes. Procurei saber sobre o desempenho das vendas e a receita dos aluguéis”, conta. Entusiasmado, fez sua primeira aplicação e hoje é representante dos cotistas do fundo. 

 

Martignoni investe em outros seis fundos imobiliários, e é dono, indiretamente, de vários shopping centers e edifícios de escritório. Sua intenção é preservar seu patrimônio e gerar renda. “Não quero ficar rico, quero proteger meu patrimônio”, diz ele. 

 

Os fundos não são perfeitos. O investidor tem de prestar atenção em vários aspectos na hora de investir. Por mais que a economia piore, um imóvel sempre estará lá. Já os fundos oferecem alguns dos riscos de qualquer aplicação financeira: o mercado financeiro pode oscilar abruptamente e o investidor vai perder dinheiro. 

 

Alguns fundos não têm liquidez diária – pode ser necessário esperar 30 ou 60 dias para ver o dinheiro chegar na conta. Também é preciso avaliar as taxas de administração cobradas pelo gestor e a qualidade dos empreendimentos em que o fundo investe. A maioria depende dos aluguéis pagos por empresas de grande porte, que não costumam dar calote. Mesmo assim, o risco existe. “Se a empresa quebrar, o fundo vai parar de receber o dinheiro e o investidor vai sofrer”, diz Calil.

 

As ações têm mais liquidez que os fundos, mas é preciso lidar com a volatilidade. Em 2008, os papéis das construtoras foram os que mais caíram na bolsa, mas eles foram brilho puro em 2009: subiram 205%, ante 82% do Índice Bovespa. 

 

O desempenho acima da média permanece em 2010. Até 16 de agosto, o Índice Bovespa estava caindo 1,5%, mas o índice das construtoras sobe quase 3%. Há uma violenta disparidade no setor. Ações como a Helbor avançam 30,3%, ao passo que os papéis da JHSF Participações amargam uma queda de 18,5%. 

 

“O mercado ainda tem muito a crescer com as fusões, aquisições e os programas de estímulo à habitação”, diz Bruno Lembi, sócio da consultoria M2 Investimentos. “Mas esse será um mercado de fortes emoções, principalmente devido a eventos internacionais importantes como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada.”