A cena da foto acima, de um palestino retirando a filha dos escombros de um edifício derrubado pelas bombas de Israel, simboliza com precisão o drama vivido nos últimos dias na Terra Santa. Em oito dias de conflito, até a quarta-feira (19), morreram 222 pessoas – em sua maioria civis, e­ dos quais apenas dez eram judeus. Por terra e pelo ar, o acirramento dos ataques entre israelenses e árabes vem chamando a atenção do mundo para dois fatos incontestáveis: a força desproporcional dos contra-ataques à Faixa de Gaza e o aumento do poderio bélico do Hamas. “Esse é o maior conflito de todos porque os palestinos demonstram uma força militar inédita, com mísseis com alcance de mais de 70 quilômetros”, afirmou o cientista político Alexandre Pires, professor dos cursos de Ciências Econômicas e Relações Internacionais no Ibmec-SP. “A julgar pelos acontecimentos até aqui, em vez de criar um estado independente, os palestinos tendem a perder ainda mais território.”

222 pessoas já morreram, em sua maioria civis, nos oito dias de conflito que atravessa a terra santa

A essência dos confrontos, no entanto, não se limita apenas a questões culturais, geográficas ou religiosas. A economia será um ponto decisivo na mediação de um cessar-fogo. Entre os líderes europeus cresce a sensação de que impor restrições comerciais aos dois lados é uma alternativa para esfriar os ânimos. Andrea Sasse, ministro das Relações Exteriores da Alemanha, afirmou que o Hamas é considerado uma organização terrorista na União Europeia e que os eventos dos últimos dias mostraram, novamente, o motivo, mas pediu especial atenção aos israelenses no alto número de mortos de mulheres e crianças nas ofensivas. O presidente americano, Joe Biden, disse na segunda-feira (17), ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que é favorável a um cessar-fogo nos confrontos entre israelenses e palestinos. Até então, Biden só havia manifestado apoio ao direito de Israel de se defender dos ataques de foguetes de militantes palestinos, Netanyahu, no entanto, manteve todas as cartas na mesa, um recado direto ao líder americano.

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“Há apenas duas formas de enfrentá-los: seguir até o fim, o que ainda é uma opção, ou dissuadí-los. Hoje tentamos dissuadí-los” Benjamin netanyahu primeiro-ministro de israel.

Na avaliação de André Lajst, cientista político especialista no conflito árabe-israelense e diretor executivo da StandWithUs Brasil, o Hamas está tentando ganhar protagonismo na política regional, usando qualquer desculpa para chamar a atenção. A estratégia, no entanto, não deve perdurar. “A força militar do Hamas já está enfraquecida”, afirmou Lajst. “Por considerarem o Hamas um grupo terrorista, americanos e europeus têm poucos instrumentos para mediar a situação. O que é certo, por enquanto, é que cedo ou tarde haverá um novo conflito.”