A briga pelo domínio do mercado de medicamentos antialérgicos ? que movimenta cerca de US$ 10 bilhões no mundo, dos quais R$ 1,5 bilhão apenas no Brasil ? acaba de ganhar mais um competidor de peso. Trata-se da Xolair, uma ?vacina? que promete revolucionar o tratamento dos pacientes que sofrem de asma, rinite alérgica e dermatite, entre outros. O remédio foi desenvolvido pelo laboratório suíço Novartis Pharma AG em parceria com a Genentech, empresa norte-americana especializada no segmento da biotecnologia. Seu desembarque nas farmácias dos Estados Unidos está previsto para meados de 2003. ?Já fizemos os testes de campo em quatro mil pacientes de vários países, dentre os quais 150 do Brasil?, conta Gustavo Furletti, gerente de Produtos da Área Respiratória da subsidiária brasileira da Novartis. Os especialistas também aguardam com entusiasmo o Xolair, cujo lançamento por aqui só deverá ocorrer em 2004, de acordo com Furletti: ?É realmente um produto revolucionário?, elogia o imunologista e alergista Mário Geller. Segundo ele, o remédio terá uma ação decisiva contra os casos de asma graves (caracterizados por um quadro no qual o paciente perde mais de 40% de sua capacidade respiratória). ?A substância tem eficiência de 80%, além de não causar qualquer tipo de efeito colateral?, completa Geller.

De acordo com pesquisas elaboradas por entidades médicas dos EUA, cerca de 30% da população mundial sofre de algum tipo de alergia. Ou seja: existe uma clientela potencial de 1,8 bilhão de pessoas ao redor do planeta. O gerente da subsidiária brasileira da Novartis não arrisca prever quanto a companhia deverá faturar com o novo medicamento. A expectativa, contudo, é bastante positiva. Analistas de Wall Street, por exemplo, acreditam que o Xolair poderá render cerca de US$ 200 milhões por ano ao laboratório suíço. E mais, o mercado recebeu tão bem a notícia que elevou a classificação de risco da americana Genentech, parceira na empreitada. A dupla Novartis-Genentech aguarda apenas o sinal verde da FDA, agência que regula a comercialização de produtos farmacêuticos e alimentos, para colocar o produto à venda nos Estados Unidos e Europa.

Não é apenas a dupla, cujo faturamento combinado ultrapassa a cifra de US$ 20 bilhões, que tem no ?bolso do colete? um produto inovador no segmento de antialérgicos. A Schering-Plough também promete surpresas para breve. A principal aposta nesta área é a vacina que inibe a interleucina-4, substância que induz à produção do IgE. ?Vamos dar um tiro de canhão na alergia?, explica Rogério Frabetti, diretor de marketing do Schering-Plough.

De acordo com o executivo, o produto, que poderá ser usado contra qualquer tipo de patologia, só deverá chegar às farmácias no final de 2005. Frabetti não informa quanto está sendo gasto no desenvolvimento do medicamento. Conta apenas que o remédio é a principal aposta da companhia na área de antialérgicos e produtos respiratórios, divisão na qual a companhia investiu US$ 1,4 bilhão neste ano. De acordo com o executivo, o laboratório não teme a entrada em cena do Xolair: ?Somos o líder mundial deste mercado e pretendemos manter esta posição?. Essa briga promete.