Uma das maiores polêmicas envolvendo o PSDB nos últimos tempos é a briga entre Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, e João Doria Jr., ex-prefeito da capital paulista. O entrevero esteve adormecido nos últimos meses, mas pode ressurgir conforme alguns correligionários de Doria fazem pressão para que ele seja o candidato do partido à Presidência.

Quem confirma a possibilidade é um dos principais adversários internos de Doria: Alberto Goldman, ex-governador de São Paulo e ex-presidente do PSDB. “Eu diria que há pouca viabilidade. Mas não existe o não absoluto”, afirma. Em outubro do ano passado, Doria disse que Goldman era um “fracassado”. O ex-governador tucano respondeu que o prefeito era uma “desgraça para o PSDB”.

Apesar de Alckmin não ter largado mal na corrida presidencial, Doria teria mais condições de angariar partidos aliados para compor uma grande coligação. Alckmin tem mais resistência de outros partidos e denúncias em suas costas. Por exemplo, o ex-diretor da Dersa (estatal que gerencia as rodovias paulistas) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, foi preso em 6 de abril por escândalos envolvendo a gestão de Alckmin. Além disso, Doria, que não foi bem avaliado na prefeitura, disparou na primeira pesquisa para o Palácio dos Bandeirantes.

Conta a seu favor o apoio de importantes quadros do Democratas, como Antonio Carlos Magalhães Neto. Partidos como o PP, hoje a segunda bancada na Câmara, PSD e até mesmo o MDB poderiam formar com o tucano um imenso bloco, com grande acesso ao fundo partidário e largo tempo de TV. Seria, na visão dos apoiadores de Doria, a melhor chance do partido de conquistar o Planalto. Contam nesse cálculo o confronto contra os partidos de esquerda e contra Jair Bolsonaro, do PSL, quem lidera as pesquisas.

E Alckmin?

O último tucano a ocupar o Palácio dos Bandeirantes ficaria com a candidatura ao Senado. Aloysio Nunes Ferreira, hoje ministro das Relações Exteriores, já afirmou que não concorrerá à reeleição.

“Ele arrebanharia todos os partidos de centro-direita. Teria mais condições do que o Alckmin para isso”, afirma Gustavo Guedes, advogado com trânsito dentro dos partidos.

O cientista político Antônio Lavareda, por outro lado, acha pouco provável a candidatura de Doria a Presidência. “As pesquisas divulgadas em São Paulo não ajudam. Ele para conseguir ser presidente precisa ser bem avaliado administrativamente. E ele só tem 17% de aprovação na prefeitura. Se Fernando Collor tivesse só 17% em Alagoas, em 1989, não teria sido presidente”, decreta.