SÃO PAULO (Reuters) – O dólar praticamente zerou as firmes altas de mais cedo, chegando ao fim do pregão no mercado à vista nesta quinta-feira quase estável, com as operações domésticas refletindo alguma redução da pressão compradora de dólar também em outros mercados emergentes, apesar do dia ainda instável nas praças financeiras globais.

O dólar à vista encerrou com variação positiva de 0,09%, a 5,017 reais, muito distante da máxima de 5,077 reais (+1,29%) alcançada mais cedo e mais próximo da mínima intradiária (de 5,0107 reais, ligeira queda de 0,03%).

“O real operou mais em linha com alguns pares, como rand (sul-africano) e peso mexicano”, disse o profissional de uma grande gestora de recursos em São Paulo.

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O dólar chegou a subir 1,09% contra a moeda da África do Sul, antes de amenizar os ganhos para 0,15%. O dólar na máxima avançou 0,80% frente ao peso, mas no fim da tarde se valorizava cerca de 0,2%.

O bloco de divisas emergentes mais uma vez conseguia escapar da maior pressão vista em moedas do G10, que no geral oferecem juros bem menores e, por isso, têm sentido de forma mais direta as expectativas de iminente aperto da política monetária norte-americana.

O euro, por exemplo, caía 0,85% no fim da tarde, afetado ainda pela profunda incerteza sobre as consequência da guerra na Ucrânia para a economia do bloco monetário.

Com esse pano de fundo, o real pode ganhar impulso extra com perspectivas cada vez mais altas para a taxa de juros no Brasil, conforme analistas revisam para cima projeções para a inflação na esteira do choque dos preços das commodities por causa da guerra na Ucrânia.

A taxa de retorno de contratos a termo de real para um ano se aproximou de 13% ao ano nesta quinta-feira, nos picos em seis anos.

Ainda assim, o cenário mais incerto no geral ainda pode levar a uma desvalorização cambial. O Rabobank, por exemplo, ainda espera que o dólar feche este ano em 5,45 reais, conforme riscos fiscais e eleitorais se avizinham.