Os juros futuros deram sequência nesta quinta-feira, 9, à correção de alta iniciada na quarta-feira, 8, ainda influenciada pela pressão no câmbio e nos Treasuries, nesta véspera da divulgação do payroll (pesquisa de emprego) norte-americano de fevereiro, além do ruído no cenário político que cresceu nos últimos dias. Novamente, a parte longa da curva subiu com mais força.

Ao término da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 tinha taxa de 10,250%, de 10,240% no ajuste anterior. A taxa do DI janeiro de 2019 encerrou na máxima de 9,80%, de 9,74% no último ajuste. A taxa do DI janeiro de 2021 subiu de 10,12% para 10,20% e a do DI janeiro de 2023, de 10,36% para 10,44%.

As taxas futuras já começaram a manhã em alta, mas aceleraram o avanço no final do período após a divulgação das condições para o leilão de Letras do Tesouro Nacional (LTN), cuja oferta, vendida de forma integral, foi de 8 milhões. Mesmo passada a operação, as taxas continuaram subindo, se acomodando perto das máximas ao longo da tarde.

Segundo profissionais da área de renda fixa, o desempenho do mercado é visto como uma realização de lucros e não como mudança de tendência. “Não tem alteração. É um ajuste fino que está sendo feito. O mercado está de olho no dólar”, disse o gerente de renda fixa da Mirae Asset, Olavo Souza.

O rendimento dos Treasuries seguiu avançando nesta quinta-feira, com a T-Note de dez anos rondando os 2,60% e, depois, rompendo este patamar após o fechamento da sessão regular do juros. Também depois do fechamento, o dólar renovou as máximas ante o real, se aproximando dos R$ 3,20.

O movimento reflete uma certa cautela do investidor antes do payroll na sexta-feira, 10, que pode incrementar as apostas de aperto monetário nos EUA não só na reunião do Federal Reserve (o banco central norte-americano) na semana que vem, para a qual uma alta é dada como certa, mas também nas seguintes.

No Brasil, o cenário político traz desconforto e ajuda no ajuste nas taxas. Além da lista a ser divulgada pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, com pedido de abertura de inquérito de dezenas de congressistas, outro risco para o encaminhamento das reformas é o enfraquecimento do texto original da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma da Previdência. O relator da PEC na Câmara dos Deputados, Arthur Maia (PPS-BA), voltou a dizer que as regras de transição para quem já está próximo de se aposentar terão que ser alteradas. Já o PSB decidiu que não vai apoiar a PEC.