Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar trabalhava com pouca alteração em relação ao real nesta segunda-feira, fazendo uma pausa depois de fechar na mínima em quase quatro meses no último pregão, com os investidores de olho nas perspectivas para a política monetária dos Estados Unidos e seu impacto nos mercados de câmbio ao redor do globo.

Às 10:27, o dólar avançava 0,05%, a 5,2300 reais na venda, enquanto o dólar futuro negociado na B3 tinha perda de 0,22%, a 5,237 reais.

A moeda norte-americana spot encerrou a sexta-feira em queda de 0,97%, a 5,2276 reais na venda, fechando numa mínima em quase quatro meses e contabilizando a maior queda semanal desde dezembro. Com isso, a divisa registrou seis semanas consecutivas de perdas, mais longa série do tipo desde as mesmas seis semanas de queda findas em 26 de outubro de 2018.

Entre os fatores que ajudaram o dólar a ceder terreno frente à moeda brasileira no final da semana passada, vários analistas chamaram a atenção para um relatório de emprego decepcionante dos Estados Unidos.

Depois que a abertura de vagas de trabalho no país ficou muito abaixo das projeções dos mercados de criação de quase 1 milhão de empregos, subiram as apostas de que o banco central norte-americano, o Federal Reserve, manterá bilhões de dólares em estímulos por ainda mais tempo, sem subir a taxa de juros.

“Ainda impera um cenário de recuperação saudável do crescimento, com liquidez global abundante e sem expectativas de reversão deste quadro no curto-prazo”, o que tem dado apoio ao movimento de dólar fraco no mundo e aos ativos de risco em geral, explicou em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos.

“Além deste pano de fundo internacional mais construtivo de curto prazo, ainda tivemos a decisão do Copom, a divulgação de vendas no varejo acima das expectativas, impulsionadas pelas vendas de supermercados, e novos sinais de pressões inflacionárias dos IGPs”, completou.

O Banco Central do Brasil anunciou na quarta-feira passada a segunda alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros, para 3,50%, e indicou a intenção de fazer novo aperto da mesma magnitude em sua próxima reunião, em junho, em meio ao aumento persistente da inflação corrente e das expectativas para a inflação de 2022.

Enquanto isso, os investidores também ficavam de olho na agenda política doméstica, à espera de “novos desenvolvimentos em torno da mais recente novela da reforma tributária no Congresso e (da) continuação dos depoimentos na CPI da pandemia”, disse em nota matinal Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta segunda-feira em publicação no Twitter que a tramitação e o formato da reforma tributária devem ser definidos nesta semana.

A agenda de reformas e privatizações do governo é citada por boa parte dos agentes dos mercados financeiros como fator importante para a credibilidade do Brasil, com sua concretização sendo vista como possível atrativo para investidores estrangeiros.

Por outro lado, a CPI que investiga o posicionamento do governo de Jair Bolsonaro é apontada como possível fonte de ruídos políticos no âmbito doméstico.

A primeira semana de depoimentos no Senado mostrou o governo desarticulado para defender sua gestão da pandemia e evidenciou que o Planalto teme o desgaste que deve vir das apurações, levando o presidente a adotar sua estratégia usual de lançar mão de declarações controversas em busca de mudar o foco.

Bolsonaro reiterou no fim de semana que indicará nome “terrivelmente evangélico” ao Supremo Tribunal Federal, voltou a provocar aglomerações e defender o voto impresso e parabenizou a Polícia Civil do Rio de Janeiro pela operação que deixou 28 pessoas mortas na semana passada na favela do Jacarezinho, zona norte da capital fluminense.

Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em novembro de 2021 e março de 2022.

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