Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar deu um salto nesta quinta-feira, pulando mais de 10 centavos de real entre a máxima e a mínima do dia, acompanhando de perto a recuperação da moeda no exterior e a piora em medidas de risco em meio a dúvidas sobre uma diminuição do ritmo de altas de juros nos EUA.

A cotação à vista subiu 1,46%, a 5,1597 reais, maior alta percentual diária desde o último dia 2 (1,93%).

Na máxima, a divisa bateu 5,172 reais, ganho de 1,70%, depois de recuar a 5,0616 reais (-0,47%) na mínima.

Os menores níveis do dólar foram tocados ainda pela manhã, quando dados de preços ao produtor nos EUA surpreenderam com deflação em julho. O relatório veio apenas um dia depois de a inflação ao consumidor do país em julho ter ficado zerada na base mensal. Ambos ofereceram a investidores esperanças de que o Fed (o banco central dos EUA) pudesse amenizar a velocidade do aperto monetário.

Contudo, autoridades do banco central jogaram água fria nessa expectativa, deixando claro que o Fed ainda está longe de declarar vitória contra a alta dos preços e que a inflação segue inaceitavelmente alta.

O índice do dólar frente a uma cesta de moedas praticamente zerou toda a queda de 0,56% registrada mais cedo, à medida que as taxas dos títulos do Tesouro norte-americano viraram para cima e as ações em Wall Street apagaram fortes ganhos de mais cedo.

O índice Nasdaq –composto por empresas que sentem mais as altas de juros– subiu 1,33% na máxima, mas sofreu uma virada e terminou o pregão em queda preliminar de 0,58%.

“O dólar está no mundo em patamar mais alto, o movimento do Fed está mais forte, existe uma reprecificação na curva de juros dos EUA. (…) Na margem os vetores para o dólar aqui vêm mais lá de fora, por isso estamos em processo de revisão de cenário para o dólar”, disse Arthur Mota, economista do BTG Pactual, segundo o qual a nova projeção para a moeda ao fim do ano ficará acima dos 4,80 reais atualmente em vigor.

O BTG espera, por exemplo, que a Fed fund alcance cerca de 4% ao fim do ciclo, contra expectativa geral do mercado em torno de 3,6%. O banco calcula uma alta de 0,50 ponto percentual no juro norte-americano em novembro, ante estimativas do mercado de 0,25 ponto.

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