Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha leve queda contra o real nesta sexta-feira, acompanhando arrefecimento da moeda norte-americana no exterior depois de um salto recente, embora continuasse a caminho de forte ganho semanal em meio a preocupações com possível recessão global.

Às 10:25 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,19%, a 5,4223 reais na venda

Na B3, às 10:25 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,01%, a 5,4445 reais.

O dólar spot chegou a operar brevemente em território positivo, após dados mostrarem que as vendas no varejo dos EUA subiram mais do que o esperado em junho, indo a 5,4390 reais, alta de 0,12%, mas logo perdeu fôlego e foi a 5,3996 na mínima do dia, queda de 0,61%.

As oscilações do mercado local estavam em linha com as perdas do índice da moeda norte-americana contra uma cesta de rivais fortes no exterior, que investidores atribuíram a tentativa internacional de recuperação de ativos arriscados na esteira de um tombo recente.

Mas, em meio a clima global ainda cauteloso diante da ameaça crescente de recessão, a moeda norte-americana negociada no mercado local caminhava para registrar alta de cerca de 2,7% em relação à última sexta-feira, o que marcaria sua sexta semana de valorização em sete.

Sinais de resiliência da maior economia do mundo têm fortalecido argumentos a favor de um aperto monetário agressivo por parte do banco central dos EUA, o Federal Reserve, que está tentando esfriar a demanda de forma a domar a inflação mais alta em quatro décadas.

Recentemente, os mercados chegaram a apostar na possibilidade de uma alta de juros de 1 ponto percentual completo na próxima reunião do Fed, no final deste mês, embora comentários feitos na véspera por duas autoridades do banco tenham moderado essas projeções, com essas chances precificadas em cerca de 30% nesta manhã, fornecendo alívio pontual aos investidores.

Quanto mais altos os juros nos EUA, mais atraente fica o mercado de renda fixa do país, o que tende a beneficiar o dólar. Ao mesmo tempo, taxas de empréstimo mais altas levantam o risco de sufoco da economia, o que tem elevado a demanda por ativos considerados seguros nas últimas semanas, como a moeda norte-americana, que recentemente atingiu novo pico em duas décadas contra outras divisas fortes.

Em relatório, o Citi notou que “a força do dólar atingiu a América Latina de forma particularmente intensa”, com a maioria das divisas regionais devolvendo boa parte dos ganhos expressivos que haviam sido registrados no início do ano em meio aos preços elevados das commodities e taxas de juros locais atraentes.

“As commodities têm caído significativamente à medida que os temores de recessão assumem o palco. E o trabalho árduo que os bancos centrais fizeram para incorporar o ‘carry’ (retorno, rendimento) de volta às moedas não é suficiente em meio ao aumento dos juros nos EUA e à volatilidade das taxas”, afirmou o banco, notando o real como destaque negativo nesse contexto, bem como pesos chileno e colombiano.

Nos níveis atuais, basta valorização de 3% para que o dólar zere completamente suas perdas em relação ao real no acumulado de 2022. A moeda norte-americana não fecha um pregão abaixo de 5 reais há mais de um mês, e está mais de 17% acima da mínima para encerramento do ano, de 4,6075 reais, atingida no início de abril.

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