Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía acentuadamente ante o real na manhã desta segunda-feira, refletindo a fraqueza internacional da moeda norte-americana e expectativas de alta acentuada da taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil.

O Copom se encontra na terça e quarta-feiras em sessões presenciais para discutir o futuro dos juros básicos, e boa parte dos agentes do mercado aposta numa elevação de 1 ponto percentual. Caso se confirme, essa será a quarta alta consecutiva da taxa Selic e a mais acentuada desde fevereiro de 2003.

Em meio às expectativas de um BC mais “hawkish”, ou duro com a inflação, às 9:59, o dólar recuava 1,25%, a 5,1440 reais na venda, e chegou a tocar 5,1305 reais na mínima do dia, perda de 1,5%. Na B3, o principal contrato de dólar futuro tinha baixa de 1,30%, a 5,165 reais.

“No encontro do Copom, espera-se que o BC acelere o ritmo de alta da Selic e isso está favorecendo (o real)”, disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Mizuho. “O real está apresentando uma performance muito melhor do que outros pares, o que também reflete uma correção depois do desvio forte visto na sexta-feira.”

Na última sessão, a divisa norte-americana fechou em alta de 2,53%, a 5,2082 reais na venda.

Custos de empréstimos mais altos no Brasil tornam o real mais atrativo para a realização de estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior. O investidor, desta forma, ganha com a diferença de taxas.

Enquanto isso, no exterior, o dólar apresentava fraqueza generalizada neste início de semana. O índice da moeda norte-americana contra uma cesta de pares fortes caía 0,1%, retomando a tendência de baixa iniciada na semana passada, após o Federal Reserve reafirmar que não tem pressa em endurecer sua política monetária.

Rand sul-africano, lira turca e dólar australiano, divisas cujo movimento o real tende a acompanhar, apresentavam ganhos nesta manhã.

Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, disse em blog que o tom regulatório mais ameno da China e a sinalização de uma postura de suporte ao crescimento da segunda maior economia do mundo ajudavam a sustentar os ativos de risco nesta segunda-feira.

Além disso, Rostagno disse que dados promissores da zona do euro estão ajudando a reduzir temores sobre o impacto da variante Delta do coronavírus na economia global.

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