Em dia de forte volume de negócios, o dólar teve uma sessão volátil no País nesta quarta-feira, 7, caindo pela manhã, subindo no começo da tarde e voltando a cair em seguida, com os investidores acompanhando o mercado externo, onde a moeda americana caiu entre vários emergentes com o partido democrata conquistando a maioria na Câmara dos Estados Unidos. Aqui, as mesas seguiram monitorando o governo de transição de Jair Bolsonaro (PSL) e continuam causando desconforto no mercado as informações desencontradas da equipe, principalmente sobre a reforma da Previdência e o comando do Banco Central. No mercado à vista, o dólar fechou em baixa de 0,54%, a R$ 3,7395. No futuro, o dólar para dezembro terminou o dia em R$ 3,7380, em queda de 0,80%.

Quando o dólar bateu na máxima do dia, a R$ 3,78, operadores relatam que exportadores entraram no mercado vendendo a moeda, o que ajudou na virada. Pela manhã, na mínima do dia, a R$ 3,7233, houve um movimento de compra por importadores, o que contribuiu para a queda da moeda perder força. No mercado externo, o dólar caiu ante a maioria dos emergentes, com as principais exceções ficando com o México e a Argentina. Mais cedo, este movimento da moeda americana ante o peso mexicano e o peso argentino chegou a pressionar o câmbio aqui, mas perdeu força na parte da tarde.

O Congresso dividido nos Estados Unidos, após a conquista da Câmara pelos democratas, com os republicanos permanecendo no Senado, deve enfraquecer o dólar no mercado internacional pela frente, avaliam os estrategistas do Morgan Stanley em relatório. O resultado da eleição veio dentro do esperado, mas a tendência é que a divisão do Congresso dificulte o avanço de mudanças mais significativas propostas por Donald Trump. Ao mesmo tempo, o banco americano ressalta que a tendência é que a trajetória da política comercial e fiscal da Casa Branca provavelmente vai permanecer inalterada.

No Brasil, seguiu causando ruídos no mercado a dificuldade do governo de Bolsonaro em mostrar um discurso mais claro sobre a reforma da Previdência. Na avaliação do sócio-diretor da Schwartsman & Associados, Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, o mercado estava muito otimista e agora começa a ver o “tamanho da encrenca”, com a dificuldade do governo em definir a estratégia para a Previdência. “Tem vários ruídos nesta história”, disse ele, destacando que é relativamente recente a mobilização por parte do Bolsonaro e seu economista, Paulo Guedes, para aprovar a reforma da Previdência proposta por Michel Temer. A proposta foi recentemente criticada pelo futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Com isso, ressalta o economista, fica difícil ter uma visão clara de qual empenho ele teria para aprovar as medidas agora.