O dólar avançou de forma generalizada ante outras moedas de mercados desenvolvidos e emergentes nesta sexta-feira, 10, o que levou o índice DXY, que mensura a divisa americana frente a uma cesta de outras seis divisas fortes, ao maior nível desde junho do ano passado. O movimento aconteceu em meio à turbulência econômico-financeira na Turquia, onde pesou a possibilidade de que uma iminente crise cambial se alastre pela Europa e por outros países em desenvolvimento.

Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar recuava para 110,83 ienes, o euro caía para US$ 1,1405 e a libra tinha queda para US$ 1,2766. Já o índice DXY fechou em alta de 0,85%, para 96,316 pontos, no nível mais alto desde 18 de junho de 2017.

O dólar apresentou alta generalizada durante o dia, acompanhando um movimento global de busca por segurança que também beneficiou o iene japonês, à medida que os dois ativos são considerados seguros. A fuga do risco teve início durante a madrugada, depois que o Banco Central Europeu (BCE) demonstrou preocupação com a exposição de alguns dos principais bancos da zona do euro à Turquia, de acordo com o Financial Times. A notícia penalizou o euro e, consequentemente, valorizou o dólar.

O movimento se intensificou ao longo da manhã, após o presidente do país euro-asiático, Recep Tayyip Erdogan, pedir que a população do país trocasse dólares, euros e ouro por liras turcas e afirmar que não haverá aumento de juros no país, apesar das fortes perdas enfrentadas pela divisa da Turquia. O cenário turbulento se agravou com o anúncio no Twitter do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que irá dobrar as tarifas sobre o aço e o alumínio turcos. Com isso, a lira perdeu ainda mais força ante o dólar, que chegou a subir para 6,8030, representando um avanço de 20,2% em relação à cotação do fim da tarde de ontem.

Analistas da Continuum Economics apostam que a maioria das moedas continuará penalizada em relação ao dólar na próxima semana em meio ao ambiente de fuga de risco, assim como a lira, “devido à aversão do presidente Erdogan ao aperto monetário”.

A divisa americana também foi impulsionada após a divulgação dos dados de inflação nos Estados Unidos pelo Departamento do Trabalho, especialmente pelo resultado acima das expectativas do núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que avançou 2,4% na comparação anual de julho, nível mais alto desde setembro de 2008, o que dá esperança de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa acelerar o ritmo de elevação das taxas de juros.