Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar saltava contra o real na manhã desta sexta-feira e chegou a superar a marca de 5,20 reais nos maiores níveis da sessão, acompanhando movimento de forte aversão a risco nos mercados financeiros internacionais conforme a perspectiva de juros crescentes nas principais economias alimentava temores de recessão.

Às 10:12 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,53%, a 5,1939 reais na venda. No pico do dia, a moeda saltou 1,89%, a 5,2122 reais na venda.

Na B3, às 10:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,43%, a 5,2010 reais.

A alta do dólar era generalizada nesta sexta-feira, com praticamente todas as moedas relevantes do mundo perdendo terreno frente à divisa norte-americana. O real estava entre as unidades com pior desempenho no dia, ao lado de pares como peso chileno e rand sul-africano.

Ao mesmo tempo, as ações listadas nas principais bolsas de valores do mundo tinham queda acentuada, enquanto os rendimentos dos títulos de dez anos do governo norte-americano davam sequência a sua trajetória ascendente. [.NPT][.EUPT]

O clima nos mercados internacionais tem se mostrado azedo durante toda a semana, depois que vários bancos centrais importantes entregaram mais aumentos de juros para combater a inflação, mas piorou ainda mais nesta sexta após dados de PMI da Europa fornecerem novas evidências de que os países da região podem estar entrando em recessão.

“Mercados globais refletem temor de recessão e operam em baixa… em uma semana que a aversão ao risco foi intensificada após alta de juros nos Estados Unidos e resultados mais fracos de atividade no mundo”, disse o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco em relatório.

Na quarta-feira, o Federal Reserve, autoridade monetária dos EUA, elevou sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual pela terceira vez consecutiva, e indicou mais aumentos por vir à medida que tenta controlar uma inflação mais persistente do que o inicialmente previsto pelas autoridades.

Outros bancos centrais, como o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra, também têm se mostrado resolutos em apertar as condições financeiras e frear gastos, mesmo que isso custe uma desaceleração da economia, o que tem aumentado a demanda por ativos considerados apostas seguras em tempos de turbulência.

Apesar do salto deste pregão, o dólar ainda estava a caminho de fechar em queda de mais de 1% frente ao encerramento da última sexta-feira, depois que recuou significativamente em três das quatro sessões completas desta semana.

“Até então ficamos imunes ao mau humor. Os três mercados aqui (de câmbio, ações e juros) atingiram novos patamares de bom humor ontem, na contramão de tudo e de todos”, comentou em publicação no Twitter Sergio Machado, sócio e gestor da Trópico.

“Que há algum motivo para tal é fato, pois atingimos níveis estratosféricos de juros, bem como atividade, e inflação tem surpreendido para o bem”, disse ele, embora tenha ponderado que o mercado local não é uma “ilha” em comparação com o resto do mundo.

Na véspera, a moeda norte-americana recuou 1,12%, a 5,1157 reais, renovando seu menor patamar para encerramento desde o último dia 12 (5,0983 reais).

A taxa Selic está atualmente em 13,75%, o que é visto como colchão para o real, já que torna os retornos da moeda mais atraentes para investidores estrangeiros.

(Edição de Isabel Versiani)

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