O dólar desacelerou a alta, mas segue acima dos R$ 5,53 no mercado interno. O gerente da mesa de derivativos da corretora Commcor, Cleber Alessie Machado Neto, afirma que a cautela externa está diminuindo, o que se reflete na desaceleração da alta do dólar e das perdas nas Bolsas em Nova York, mas aqui o dólar continua subindo bem mais na comparação ante outras divisas emergentes ligadas a commodities no exterior. “Parece ser mais sentimento de aversão a risco com Brasil, porque há movimento de desmonte de posições cambiais vendidas no mercado futuro e saída pontual de investidores estrangeiros do País”, observa.

Para ele, os indutores desses ajustes cambiais são a inflação alta, demanda de bancos para overhedge e de investidores para remessas ao exterior, com desmonte de posições cambiais vendidas no mercado futuro. “Há uma série de indefinições na área fiscal e grande preocupação com o relatório final da CPI da Covid no Senado, a ser divulgado nesta quarta-feira, dia 20”, comenta.

Com impasses na política fiscal e, agora, o estado de greve de caminhoneiros, fica cada vez mais difícil esperar reversão de curto prazo na tendência ruim do real bem como em uma reversão das perdas do Ibovespa, que precifica ainda perspectiva de alta de mais 1 ponto da Selic na reunião do Copom da semana que vem (dias 26 e 27 de outubro).

O impasse sobre a alta dos preços dos combustíveis é outro fator de cautela, afirma. Muita gente não quer permanecer na Bolsa diante do cenário fiscal e político local com eleições presidenciais em 2022 ainda sem um candidato de terceira via competitivo, avalia Machado Neto.