O dólar se fortaleceu em geral nesta sexta-feira, 26, avançando ante rivais como libra e euro e diversas moedas emergentes. A divisa americana ganhou fôlego hoje com a leitura acima do esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. Além disso, as baixas projeções para inflação e crescimento na zona do euro enfraqueceram a moeda europeia, favorecendo a divisa americana.

Próximo ao horário de fechamento do mercado em Nova York, o dólar recuava a 108,70 ienes, enquanto o euro tinha baixa a US$ 1,1130 e a libra caía para US$ 1,2388. O índice DXY, que calcula a força da moeda americana ante uma cesta de outras seis divisas fortes, fechou em alta de 0,20%, aos 98,010 pontos, voltando a se firmar acima da marca psicológica dos 98 pontos. Na comparação semanal, o DXY avançou 0,88%.

O PIB da maior economia do mundo cresceu à taxa anualizada de 2,1% no segundo trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, superando a mediana de 1,9% calculada pelo Projeções Broadcast. No mesmo período, o núcleo da inflação medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla inglês) avançou à taxa anualizada de 1,8%, aliviando parte das preocupações com a resposta fraca da inflação nos últimos meses. Ainda assim, segue abaixo da meta do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), de 2%.

Contudo, especialistas ressaltam que o crescimento do PIB foi fortemente sustentado pelos consumidores, e que a lentidão dos investimentos das empresas indica que as tensões comerciais continuam a pesar sobre a economia. Assim, prevalece o cenário de um iminente corte de juros de 25 pontos-base pelo Fed em julho, o que pode pressionar o dólar. “O Fed deve reiterar seu objetivo de ‘sustentar a expansão’, deixando a porta aberta para mais relaxamento nos próximos meses”, avalia a analista Xiao Cui, do Credit Suisse.

Do outro lado do oceano, uma pesquisa do Banco Central Europeu (BCE) com economistas verificou queda das expectativas de inflação na zona do euro neste ano, em 2020 e 2021, além de menores projeções para o crescimento do PIB da região em 2020, enfraquecendo o euro. A piora na perspectiva europeia, junto às sinalizações “dovish” de ontem pelo BCE, fortalece o cenário para um corte de juros em setembro, aumentando ainda mais a pressão sobre a divisa europeia.

Entre as moedas emergentes, o destaque foi a desvalorização do rand sul-africano, depois que a agência de classificação de risco Fitch reduziu a perspectiva da África do Sul de “estável” para “negativa”, mantendo o rating BB+. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 14,3005 rands, de 14,0994 rands no fim da tarde de ontem.

No caso da Colômbia, embora o banco central local tenha mantido sua taxa de juros inalterada hoje, especialistas preveem uma tendência de cortes em mercados emergentes, particularmente na América Latina.

O noticiário também contou com declarações do diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, que descartou a possibilidade de uma desvalorização artificial do dólar. Em entrevista à emissora CNBC, Kudlow disse que Trump não necessariamente defende um dólar mais fraco, mas teme que outros países enfraqueçam propositalmente a própria moeda para ganhar vantagem competitiva no comércio.