SÃO PAULO (Reuters) – O dólar devolveu perdas vistas mais cedo e subia com força frente ao real nesta quarta-feira, à medida que investidores do mundo inteiro aguardavam a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, em busca de pistas sobre o futuro da política monetária.

Às 14:14, o dólar avançava 1,24%, a 5,2751 reais na venda, chegando a tocar 5,282 reais na venda na máxima do pregão, alta de 1,37%. Caso mantenha esse desempenho até o final da sessão, o dólar registrará seu sétimo ganho diário consecutivo.

Mais cedo, na mínima intradiária, a divisa foi a 5,1702 reais, queda de 0,78%. Na B3, o dólar futuro ganhava 1,47% neste pregão, a 5,288 reais.

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Segundo vários analistas, o foco dos mercados internacionais está na ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). O documento, que será divulgado às 15h (horário de Brasília), pode oferecer sinais ao mercado sobre quando e como o Fed vai reduzir a liquidez e elevar os juros.

“A antecipação do fim dos estímulos à economia nos Estados Unidos (…) seria ruim para os emergentes e tenderia a aumentar a pressão sobre o câmbio desses países”, explicou em nota Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora, ressaltando que os investidores não devem fazer grandes apostas antes da divulgação da ata.

A moeda norte-americana spot fechou o último pregão em alta de 2,40%, a 5,2106 reais na venda, seu ganho percentual mais forte desde 18 de setembro de 2020 (+2,77%), chegando a uma máxima desde 31 de maio (5,2254 reais). Fatores externos e a cautela doméstica ajudaram a direcionar esse comportamento.

MÉDIO PRAZO PROMISSOR?

O dólar já acumula alta de cerca de 7,4% contra a divisa brasileira desde que fechou o dia 24 de julho numa mínima em mais de um ano de 4,9062 reais.

Com a incerteza que se instalou recentemente no cenário doméstico — em meio a tensões políticas cada vez maiores e uma proposta de taxação de dividendos mal recebida pelos investidores — “vários hedge funds começaram a desmontar posições vendidas e até montar posições compradas” em dólar, explicou à Reuters Marcos Weigt, head de tesouraria do Travelex Bank.

“Temos um mercado que está muito suscetível a movimentos direcionados por fatores de curto prazo”, explicou, apontando para grande volatilidade.

Mesmo assim, pensando num cenário de médio prazo, a tendência é de entrada de recursos no Brasil, o que poderia ajudar o real, afirmou Weigt. Com a perspectiva de aperto monetário agressivo pelo Banco Central e os preços das commodities ainda em patamares altos, apesar de perdas recentes, o real deve ficar mais atrativo para investidores estrangeiros, explicou. “Os termos de troca continuam favoráveis.”

O BC promoveu em junho a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, a 4,25%, e há entre os investidores expectativa de possível aperto mais agressivo em seu encontro de agosto.