O dólar avançou em relação a moedas fortes no pregão desta terça-feira, com exceção da libra. O aumento do número de novos casos de coronavírus em diversos países, principalmente nos Estados Unidos, pesou no sentimento do mercado, após um dia de apetite por risco ontem.

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 107,57 ienes, o euro recuava a US$ 1,1279 e a libra tinha alta a US$ 1,2546. O índice DXY, que mede a variação da divisa dos EUA em relação a seis rivais, subiu 0,16%, a 96,881 pontos.

“O dólar é apoiado pela incerteza da pandemia”, escreveu o analista de mercado Joe Manimbo, do Western Union, no fim da manhã. Com a cautela predominando no mercado hoje, diante do avanço da covid-19 nos Estados Unidos, a demanda pela segurança do dólar aumentou. “As perspectivas de crescimento global permanecem envoltas em incerteza”, acrescenta Manimbo.

No início do pregão, a Comissão Europeia informou que agora prevê um encolhimento de 8,7% no Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro em 2020, o que também pesou no sentimento dos investidores. A estimativa anterior era de contração de 7,7%. Para Manimbo, qualquer sinal de que a recuperação vista nos indicadores econômicos está começando a “moderar” pode afetar os mercados.

“O dólar permanece estagnado em faixas estreitas, à medida que os mercados enfrentam direcionadores conflitantes”, avaliam analistas do Brown Brothers Harriman (BBH). Para o banco americano, de um lado, há os estímulos fiscais e monetários e, de outro, o aumento dos novos casos de covid-19 em diversos países.

Manimbo, do Western Union, destaca a alta da libra hoje, “apesar do apetite por risco moderado e da incerteza relacionada ao Brexit”, fazendo referência às negociações entre o Reino Unido e a União Europeia para um acordo comercial.

O euro, apesar de ter se enfraquecido nesta terça, deve se valorizar no médio prazo, na visão de analistas do Erste Group. “Esperamos que o euro se fortaleça, pois o dólar ainda parece ser altamente avaliado com base no diferencial da taxa de juros”, dizem. No gráfico de pontos divulgado na ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), os dirigentes da instituição sinalizaram que não devem elevar os juros americanos até pelo menos 2022.

Ante moedas emergentes e ligadas a commodities, o dólar também se fortaleceu. No final da tarde em Nova York, a moeda americana avançava a 70,8958 pesos argentinos, a 17,1902 rands sul-africanos e a 22,7784 pesos mexicanos.

Ontem, o governo da Argentina apresentou uma nova proposta aos credores privados do país para renegociar a dívida e sugeriu o adiamento do prazo das negociações para 4 de agosto. Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), foi um “passo importante”.