Em um pregão volátil no exterior, a cautela prevaleceu no mercado cambial. O risco geopolítico gerado por conflitos entre China, Índia e as Coreias do Norte e do Sul, juntamente com dúvidas sobre uma possível segunda onda de covid-19 e a retomada econômica, levou a uma busca pela segurança do dólar, que subiu em relação à maioria das moedas fortes.

No fim da tarde em Nova York, o dólar registrava baixa a 106,98 ienes, enquanto o euro recuava a US$ 1,1237 e a libra cedia a US$ 1,2543. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana em relação a seis rivais fortes, avançou 0,21%, a 97,158 pontos.

“O risco geopolítico está de volta ao jogo”, comentam analistas do banco americano Brown Brothers Harriman (BBH). Ontem, a Coreia do Norte explodiu um escritório que coordenava as relações com a Coreia do Sul e a Índia informou que 20 soldados de seu exército foram mortos em um confronto com a China.

Para o BBH, o fluxo de notícias sobre o coronavírus permanece negativo e isso também dá certa “tração” ao dólar. Hoje, no entanto, o Reino Unido iniciou testes em humanos de uma nova vacina contra a covid-19 e passou a usar o medicamento dexametasona no tratamento da doença.

“A precificação de alta do dólar parece corresponder à volatilidade em alta novamente”, afirma o analista Rich Dvorak, da DailyFX.

Analistas do BBH, no entanto, acreditam que será difícil para o dólar obter “um retorno significativo” enquanto o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) “estiver operando no modo dovish”. Nesta quarta-feira, o presidente da instituição, Jerome Powell, disse que ainda levará um tempo para o Fed começar a reduzir seu balanço e voltou a se comprometer com os juros baixos.

Em relação às moedas europeias, continuam no radar as negociações entre o Reino Unido e a União Europeia para um acordo comercial pós-Brexit. Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen disse hoje que a UE fará “todo o possível” para que um entendimento bilateral seja alcançado, mas alertou para o prazo, que termina no final do ano.

Ante moedas emergentes e ligadas a commodities, o dólar ficou sem direção única. No final da tarde em Nova York, a moeda americana subia a 22,3972 pesos mexicanos e a 69,6827 pesos argentinos, mas caía a 17,2193 rands sul-africanos.