A busca por segurança deu o tom para as negociações no mercado cambial, nesta quinta-feira, 18, e o dólar se fortaleceu em relação a divisas fortes e emergentes. Ainda há, entre os investidores, certo otimismo com uma perspectiva de retomada rápida das economias, mas o crescente aumento de novos casos de covid-19 na China e em estados americanos reforça a cautela.

No fim da tarde em Nova York, o dólar registrava baixa a 106,86 ienes, enquanto o euro recuava a US$ 1,1213e a libra cedia a US$ 1,2425. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana em relação a seis rivais fortes, avançou 0,27%, a 97,421 pontos.

“Um aumento nos casos de coronavírus nos Estados Unidos está causando um pouco de desconforto com a velocidade com que o país pode reabrir”, avalia o chefe de Pesquisa da London Capital, Jasper Lawler. Estados como Flórida, Texas e Arizona tem visto um aumento nas infecções por covid-19, depois de saírem da quarentena.

Na China, um novo surto do vírus surgiu em Pequim na semana passada e levou a novas restrições e medidas de isolamento social. Hoje, porém, o epidemiologista chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, Wu Zunyou, disse que a situação está “sob controle”.

“A narrativa da segunda onda de infecções está ganhos terreno”, dizem analistas do Brown Brothers Harriman (BBH). Os especialistas do banco americano, no entanto, não acreditam que a força do dólar possa durar por muito tempo, já que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve sustentar uma postura dovish.

Em evento virtual, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, reforçou hoje que é necessário uma política monetária acomodatícia “por um bom tempo”. Ela acredita que só daqui a um ou dois anos os EUA retornarão ao nível anterior à pandemia, em termos econômicos.

Na sessão de hoje, o dólar também ganhou um impulso com a fraqueza da libra. A moeda britânica recuou após a decisão do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) de ampliar seu programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), ainda que em um volume menor do que o mercado esperava.

Ante moedas emergentes e ligadas a commodities, o dólar também se fortaleceu. No final da tarde em Nova York, a moeda americana subia a 22,8077 pesos mexicanos, a 69,7578 pesos argentinos e a 17,4946 rands sul-africanos.

Na Argentina, o risco-país atingiu máximas desde maio. Segundo o jornal Ámbito Financiero, as tratativas do país sul-americano para a renegociação da dívida com credores privados está travada.