SÃO PAULO (Reuters) – O dólar registrava alta frente ao real nesta quarta-feira, acompanhando movimento externo de maior cautela em meio a temores com a inflação e expectativa de aperto monetário agressivo por grandes bancos centrais, enquanto a cena eleitoral doméstica continuava no radar.

Às 10:10 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,57%, a 5,2851 reais na venda.

Na B3, às 10:10 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,77%, a 5,2960 reais.

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O sentimento de risco de investidores do mundo inteiro havia mostrado grande alívio no início desta semana, após a reversão de um polêmico plano fiscal no Reino Unido, mas “dados de inflação na Europa desestabilizaram o otimismo que estávamos vendo até então”, disseram estrategistas da Guide Investimentos em nota.

Dados desta quarta-feira mostraram que a inflação no Reino Unido voltou a uma máxima de 40 anos, a 10,1%, enquanto na zona do euro o avanço dos preços ao consumidor em setembro foi revisado para baixo a 9,9% na base anual, nível que ainda é recorde.

As leituras, que vieram após dados da semana passada mostrarem alta maior do que o esperado dos preços ao consumidor dos EUA em setembro, “(relembram) ao mercado que ainda teremos um longo caminho de ajuste monetário global pela frente”, escreveu Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos.

O aumento da pressão sobre os bancos centrais das economias desenvolvidas para que sigam apertando sua política monetária agressivamente vem em meio a riscos crescentes de recessão.

O dólar é visto como um porto seguro diante de eventual contração econômica global prolongada, e também tende a se beneficiar de rendimentos mais altos no mercado de renda fixa norte-americano.

Nesta manhã, um índice que compara a divisa norte-americana a seis pares fortes subia mais de 0,8%, colaborando para a forte depreciação da maioria das moedas emergentes ou sensíveis às commodities, como o peso chileno, que sofria perdas superiores a 1%.

Ao mesmo tempo, as ações listadas nas principais bolsas globais caíam e os rendimentos dos títulos soberanos dos EUA disparavam para os maiores patamares em vários anos. [.EUPT] [.NPT]

Nesta quarta-feira, investidores devem acompanhar novas falas de dirigentes do Federal Reserve e a publicação de um relatório do banco central norte-americano conhecido como “Livro Bege”, em que a autoridade monetária consulta empresas sobre o estado da economia. Sinalizações mais duras do Fed provavelmente alimentarão a alta do dólar, segundo especialistas.

Na cena local, investidores seguiam monitorando com cautela o noticiário eleitoral antes do segundo turno da disputa pelo Palácio do Planalto, à espera de pesquisa Datafolha que será divulgada no final da tarde.

Sondagem Genial/Quaest publicada mais cedo mostrou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 47% das intenções de voto para a segunda rodada das eleições presidenciais –variação negativa de dois pontos em relação à pesquisa anterior. Já o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) somou 42% –uma oscilação positiva de um ponto.

Em levantamento PoderData também divulgado nesta quarta-feira, tudo se manteve como há uma semana: Lula com 48% e Bolsonaro com 44%.

O Banco Central fará nesta quarta-feira, a partir de 10h45, leilões de venda conjugados com leilões de compra de moeda estrangeira no mercado interbancário de câmbio, em que aceitará até 1 bilhão de dólares. As operações são semelhantes às realizadas no final de setembro.

Antes disso, a partir de 10h20, o BC realizará leilões de venda conjugados com compromisso de recompra, em que aceitará até 3 bilhões de dólares, mas para fins de rolagem do vencimento de 3 de novembro de 2022.

A autarquia geralmente utiliza leilões de linha em momentos de falta de liquidez no mercado de câmbio à vista, o que é comum acontecer no final do ano.

O BC também fará nesta quarta-feira leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de novembro de 2022.