O dólar operou em alta nesta segunda-feira em relação a moedas concorrentes, com o avanço dos rendimentos dos títulos da dívida pública dos Estados Unidos, os Treasuries, apoiando a apreciação da divisa americana. Indicadores de atividade do país que vieram acima do esperado e a fraqueza do euro diante da possibilidade de recuperação mais lenta na Europa também ajudaram o dólar.

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 106,83 ienes, enquanto a libra recuava a US$ 1,3922. O euro, por sua vez, cedia a US$ 1,2046. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de outras moedas fortes, subiu 0,18%, a 91,039 pontos.

A aprovação do Plano de Resgate americano de US$ 1,9 trilhão na Câmara dos Representantes aumentou a perspectiva de alta inflacionária nos EUA, o que intensificou o movimento dos investidores de venda dos títulos públicos americanos. Com a alta nos rendimentos dos Treasuries, o mercado se curvou à segurança do dólar. “Quando a volatilidade do mercado volta a despertar, os investidores tendem a procurar proteção no dólar, a moeda mais líquida do mundo”, afirmou o analista sênior de mercados do Western Union, Joe Manimbo, em relatório enviado a clientes.

Ele apontou ainda para a divulgação de indicadores econômicos durante a manhã de hoje nos EUA como outro fator de impulso ao dólar, com destaque para a alta do índice de atividade industrial do país calculado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), além do avanço dos investimentos em construções informado pelo Departamento de Comércio do país. Também foi divulgado o índice de gerentes de compras industrial, medido pelo IHS Markit, que, apesar do recuo, indica um “quadro saudável no setor” dos EUA, de acordo com a empresa.

Em movimento contrário, o euro, principal componente do DXY, registrou fraqueza hoje com investidores de olho na possibilidade de uma recuperação mais lenta da economia europeia este ano. Para o Wells Fargo, a distribuição gradual de vacinas contra a covid-19 e a implementação modesta de estímulos fiscais sugerem que o ritmo de uma recuperação a médio prazo “não será especialmente robusto”. Em comentário à Dow Jones Newswires, o Danske Bank diz esperar que a moeda comum siga em trajetória de baixa ante o dólar este ano, reagindo à alta nos bônus dos Treasuries e ao arrefecimento do crescimento econômico da China.

Apesar disso, alguns analistas preveem que a retomada robusta nos EUA por meio da vacinação e do pacote de estímulos deve pressionar a moeda americana em 2021. O CIBC projeta que o índice DXY termine o segundo trimestre em 88,2 pontos, e o terceiro trimestre próximo dos 87,0 pontos. Para o banco canadense, será necessário esperar até a segunda metade do ano que vem para ver o dólar ter desempenho superior ao de concorrentes estrangeiras de forma sustentada.

A instituição ainda projeta a depreciação do iene japonês ante o dólar a médio prazo. De acordo com o CIBC, é possível que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) pressione o iene ao cogitar reduzir ainda mais a taxa de juro, que já está em território negativo, em uma tentativa de acelerar a inflação do país à meta desejada pela entidade monetária.

*Com informações de Dow Jones Newswires