O dólar chegou ao fim da tarde desta sexta-feira, em baixa ante às principais moedas fortes, reagindo a comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que sinalizam preocupações com a desaceleração da economia global – o que poderia levar a um avanço mais lento das taxas de juros nos EUA. Ao mesmo tempo, a libra e o euro ganharam impulso, após as fortes perdas de quinta-feira em decorrência da crise política no Reino Unido.

Após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ter afirmado na última quarta-feira que ainda vê crescimento sólido no mundo, “mas detectamos uma perda de fôlego e, por isso, estamos monitorando a desaceleração em emergentes, como China e Índia”, nesta sexta-feira foi a vez de outros dirigentes da instituição se pronunciarem no mesmo sentido.

O vice-presidente do Fed, Richard Clarida, comentou que diversos fatores podem influenciar as decisões de política monetária da instituição. “Temos que olhar para muitas tendências, incluindo a economia global, que é algo para se prestar atenção”. Em entrevista à CNBC, ele reconheceu que há “algumas evidências de que a atividade ao redor do globo está desacelerando”.

O presidente da distrital de Chicago do Fed, Charles Evans, disse durante o Fórum de Renda Fixa em Chicago que preocupações com o crescimento econômico global, a incerteza quanto à política comercial e a desaceleração do setor imobiliário nos EUA justificam observações quanto à política monetária do Fed e podem mudar a zona de conforto em torno das taxas de juros.

Já o presidente da regional de Dallas do Federal Reserve, Robert Kaplan, se mostrou preocupado com o crescimento da dívida pública americana e ressaltou, em entrevista à Fox Business, que o avanço do endividamento poderá se tornar um “vento contrário”, se não for contido.

Além disso, ele ressaltou que a economia global pode surpreender para o lado negativo em 2019, dados os riscos que se apresentam tanto em economias emergentes, como na Europa, com Brexit e Itália no radar. No caso da China, Kaplan observou que o país não poderá usar para sempre estímulos para contornar a desaceleração econômica.

Na Europa, a notícia de que o atual ministro do Meio Ambiente do Reino Unido, Michael Gove, decidiu não deixar o governo, reduzir as apreensões dos investidores, em meio à crise enfrentada pela primeira-ministra britânica, Theresa May, que luta para permanecer no cargo e fechar um acordo para o Brexit.

Neste fim de tarde, o a libra subia a US$ 1,2827, o euro avançava a US$1,1418 e o dólar recuava a 112,79 ienes. (Com informações da Dow Jones Newswires)