Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar oscilou entre altas e baixas ao longo desta terça-feira e acabou fechando em leve queda, exibindo dinâmica semelhante à da véspera, conforme operadores aguardaram dados dos Estados Unidos em busca de sinais sobre os rumos da moeda norte-americana no mundo.

A pauta doméstica –que trouxe IPCA desacelerando na margem, uma ata do Copom considerada ligeiramente mais branda que o comunicado da semana passada e o curso da CPI da Covid no Senado– pouco mexeu com o valor do dólar.

No encerramento do pregão no mercado à vista, a cotação perdeu 0,17%, a 5,2241 reais na venda –nova mínima desde 14 de janeiro (5,212 reais). Na sessão, variou de 5,2823 reais (+0,94%) a 5,2041 reais (-0,55%).

Lá fora, o índice do dólar frente a uma cesta de rivais de países desenvolvidos reduziu as perdas no fim da tarde, em queda de 0,09%, mas ainda rondava mínimas em dez semanas.

O movimento do dólar nas praças internacionais pode voltar a ter peso mais relevante na formação do preço da moeda por aqui, à medida que a taxa de câmbio ganha suporte da Selic mais alta, que deixa o real em condições mais semelhantes na comparação com seus principais concorrentes por investimentos estrangeiros.

O foco dos investidores está nos dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos de abril, a serem divulgados na quarta.

A expectativa é que mesmo uma aceleração dos números não mexa com o plano do banco central dos EUA (Fed) de manter estímulos em curso, o que tende a beneficiar ativos de mercados emergentes. Essa visão foi endossada pelos decepcionantes números de emprego norte-americano divulgados na semana passada.

“Crucialmente no atual contexto, o fraco relatório de empregos dos EUA (payroll)… é um provável impulsionador de um desempenho superior para emergentes, em vez da interpretação de que o payroll fraco pode fornecer implicações negativas para o crescimento futuro”, disse o Goldman Sachs em nota.

“Esperamos que o tema responsabilidade monetária continue a conduzir os mercados de câmbio neste verão (no Hemisfério Norte) e no restante do ano. Um Fed sem pressa em um momento de maior confiança na recuperação global sugere que o dólar pode cair mais 5% em base ampla”, afirmou o ING em relatório.

A combinação entre ambiente doméstico menos ruidoso e uma nova pernada de alta para commodities no exterior turbinou o real nas últimas semanas e tem ajudado a comprimir a tão falada volatilidade da moeda brasileira.

As volatilidades implícitas de um, dois e três meses estão nas mínimas desde março do ano passado, mês de caos nos mercados por causa do início da pandemia. A volatilidade implícita entra na conta de medidas de retorno ajustado por risco. Sua queda, portanto, eleva a atratividade do real.

A volatilidade projetada para um ano, porém, está apenas no menor valor desde fevereiro deste ano, o que indica ainda algum desconforto em relação aos rumos da taxa de câmbio nos primeiros meses de 2022, quando haverá eleição presidencial.

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