O dólar chegou a cair a R$ 5,36 pela manhã, mas o ritmo de desvalorização não se sustentou nos negócios da tarde, embora a moeda americana tenha operado em baixa durante todo o período. Líderes do governo no Congresso e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, admitiram que as votações mais importantes na casa ficam para após o segundo turno, ajudando a enfraquecer o real. Maia foi ainda mais enfático, ao dizer que os projetos esperados com mais ansiedade pelos participantes do mercado, pois têm relação com o ajuste fiscal, como a PEC Emergencial, ficam para 2021. Com isso, o dólar se aproximou das máximas do dia, a R$ 5,45.

No exterior, a notícia que a vacina contra a covid da farmacêutica americana Moderna teve eficácia de 94,5% na terceira fase de testes foi decisiva para a semana começar com busca por ativos de risco, em dia também marcado por bons indicadores econômicos de China e Japão, mas números mais fracos que o esperado do índice Empire State, que mostra a atividade da região de Nova York. Nesse ambiente, as moedas de emergentes ganharam força ante o dólar quase que de forma generalizada, com a exceção ficando com a divisa da Hungria, país que não quer aprovar o orçamento europeu, junto com a Polônia.

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No fechamento doméstico, o dólar à vista terminou em queda de 0,70%, cotado em R$ 5,4375. No mercado futuro, o dólar com liquidação em dezembro caiu 0,75%, em R$ 5,4210.

A economista-chefe da corretora Stifel, Lindsey Piegza, destaca que os EUA superaram 150 mil casos de coronavírus ao dia na média da última semana, mas as notícias da vacina ajudam a trazer otimismo, sobretudo diante da possibilidade de que já em dezembro os primeiros grupos de risco comecem a receber as doses. Ela observa que o resultado da vacina da Moderna em termos de eficiência é melhor que o da Pfizer com a BioNTech (90%). Os estrategistas de mercado da gestora BlackRock comentam hoje que as perspectivas positivas para as vacinas ajudam a melhorar a confiança na retomada mais acelerada da atividade em 2021.

No Brasil, a expectativa é que o fim do primeiro turno fosse destravar ao menos parte da agenda de reformas, mas o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) admitiu que as medidas principais ficam para após o segundo turno das eleições. Já Maia afirmou achar difícil qualquer votação este ano. “Não acho que será possível votar a PEC emergencial no Senado e na Câmara até fim do ano”, disse o parlamentar. Com isso, o dólar desacelerou a queda. Para a agenda do Congresso, a consultoria americana de risco político Eurasia espera “semana mais fria, focada em negociações entre o governo e o Congresso para definição da pauta para o próximo mês”. Os analistas da consultoria destacam que é crescente o risco de as reformas fiscais ficarem para 2021, para depois da sucessão nas mesas do Congresso, em fevereiro.