Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar recuava frente ao real na manhã desta terça-feira, com investidores ajustando posições após salto recente da moeda e digerindo o tom duro da ata da última reunião de política monetária do Banco Central.

No exterior, o foco do mercado está no chair do Federal Reserve, Jerome Powell, que fará discurso esta tarde.

Às 10:13 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,22%, a 5,1637 reais na venda, baixa que alguns participantes do mercado atribuíram a movimento de ajuste, depois que a divisa norte-americana saltou 2,6% no acumulado das últimas duas sessões.

Na B3, às 10:13 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,28%, a 5,1830 reais.

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta terça-feira, mostrou que o Banco Central avalia que a revisão do arcabouço fiscal do país diminui a visibilidade sobre as contas públicas e impacta as expectativas de inflação, enfatizando que seguirá acompanhando os impactos de estímulos fiscais sobre a atividade e o nível de preços.

“Hoje o mercado leu a ata da última reunião do Copom e ficou aliviado, após os ataques que o presidente Lula fez ontem ao BC”, disse em publicação no Twitter Pedro Paulo Silveira, diretor de Gestão de Recursos da Nova Futura Gestora.

Na véspera, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de “vergonha” a explicação do Comitê de Política Monetária (Copom) para o atual patamar da taxa de juros e pediu que a classe empresarial e a sociedade reclamem do nível da taxa Selic, elevando o desconforto de investidores com o desgaste entre governo e BC.

Uma Selic alta beneficia o real ao torná-lo atraente para estratégias de investimento que lucram com diferenciais de juros entre economias, mas tende a restringir a atividade econômica, o que joga contra a agenda desenvolvimentista do governo. Desta forma, a manutenção de uma postura de política monetária vigilante por parte da autarquia mesmo em meio às críticas do Executivo tende a beneficiar a moeda doméstica, dizem agentes do mercado.

Enquanto isso, no exterior, ativos arriscados ensaiavam recuperação após queda recente, com os mercados à espera de fala de Jerome Powell no Clube Econômico de Washington, à tarde. Investidores ficarão de olho nas sinalizações do chair do Fed sobre os próximos passos de política monetária do banco central, depois que fortes dados de emprego minaram esperanças de que o juro básico norte-americano encerrará o atual ciclo de aperto abaixo de 5%.

“Até lá, pode ser que o mercado fique mais de lado e se movimente para algum dos lados depois do discurso”, disse Lara Rates, responsável pela área de câmbio da One Investimentos.

Ela explicou que expectativas de proximidade do fim do processo de elevação de juros do Fed –agora já reduzidas– foram um dos fatores que ajudaram o dólar a cair abaixo de 5 reais na semana passada, depois que o banco central dos EUA reduziu a magnitude de seu último ajuste nas taxas para apenas 0,25 ponto percentual.

Pesquisa da Reuters com economistas mostrou que o real deve ficar em trajetória de baixa, caindo 1,7% em 12 meses, para 5,24 por dólar. Desde o início de 2023, o real acumula alta de mais de 2%.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,57%, a 5,1749 reais na venda, nível de encerramento mais alto desde 23 de janeiro (5,1993).

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