O dólar recuou contra as principais rivais, estendendo a tendência de baixa alimentada pelas previsões de relaxamento monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e pressionado por indicadores da economia americana. O índice do dólar DXY, que mede a divisa contra uma cesta de outras seis fortes, chegou a tocar o menor nível desde 22 de março.

No fim da tarde em Nova York, o dólar ficava estável a 107,33 ienes, o euro avançava a US$ 1,1377 e a libra tinha ganho a US$ 1,2745. O índice DXY fechou em queda de 0,46%, a 96,220 pontos, recuando 1,38% na comparação semanal.

O tom “dovish” sinalizado pelo Fed nesta semana colocou o dólar numa tendência de queda e “escureceu o sentimento” sobre a moeda americana, pontua o analista sênior de mercado da Western Union, Joseph Marimbo. Para o economista, “a percepção de que os EUA têm maior poder de fogo monetário do que o Banco Central Europeu (BCE) e outros bancos centrais pairam sobre o dólar como uma grande vulnerabilidade”.

A moeda americana foi fortemente pressionada, ainda, pelo recuo ao menor nível em mais de nove anos do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar de junho dos EUA, que elevou, para o mercado, o argumento para que o Fed corte juros em breve.

Além do recuo do dólar, o euro foi favorecido nesta sexta-feira por indicadores de atividade econômica da zona do euro que superaram projeções do mercado, alimentando esperanças de um adiamento no relaxamento monetário do Banco Central Europeu (BCE), avalia a diretora-geral de estratégias de câmbio da BK Asset Management, Kathy Lien.

“No mercado de câmbio, as moedas são guiadas pelos últimos eventos”, explica Lien. “Enquanto o BCE mencionou cortes de juros pela primeira vez há algumas semanas, a virada mais recente veio do Fed.”

Já a libra, embora tenha avançado ante o dólar, teve seu ganho limitado pelo crescente risco de um Brexit sem acordo, afirma Marimbo. A perspectiva de eleição do ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson para primeiro-ministro do Reino Unido fortalece o cenário de saída da União Europeia (UE) de forma desordenada e prejudicial à economia britânica.

Além dos EUA, economias fortes como a Inglaterra e o Japão também sinalizaram chances crescentes de relaxamento monetário ao longo da semana, o que tende a beneficiar moedas de países emergentes. O dólar recuou 1,23% ante o peso argentino e 0,07% contra o peso mexicano nesta sexta-feira.