O dólar recuou nesta segunda-feira, 5, em meio aos temores de que os conflitos entre os Estados Unidos e a China extrapolem questões comerciais e se tornem uma guerra cambial.

Próximo ao fechamento do mercado em Nova York, o dólar caía a 106,19 ienes, enquanto o euro subia para US$ 1,1196 e a libra caía a US$ 1,2145. O índice DXY, que mede a força do dólar ante uma cesta de seis divisas fortes, fechou em queda de 0,56% aos 97,522 pontos.

Nesta segunda, o dólar rompeu a marca dos 7 yuans, o que não acontecia desde 2008, causando temores entre investidores de que a guerra comercial se torne, também, cambial. O presidente americano, Donald Trump, acusou Pequim de manipulação do câmbio; os chineses, por sua vez, atribuíram a depreciação de sua moeda aos conflitos comerciais.

Para analistas do ING Economics, a retórica de Donald Trump, associada à aparente falta de disposição do presidente do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), Yi Gang, em apreciar a moeda do país, pode reforçar apostas por uma intervenção cambial por parte dos EUA.

“Lembramos aos leitores que, se isso vier a ocorrer – a probabilidade ainda é menor que 30% -, seria a partir de compras de euros e vendas de dólares por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano)”, diz a instituição, em relatório divulgado a clientes.

Já para economistas da Eurasia, a disposição da China em permitir que sua divisa se desvalorize para além da marca de 7 yuans por dólar é significativa, “mas não deve ser exagerada como uma mudança na política”, diz a consultoria, também em relatório divulgado a clientes. “Com a escalada tarifária mais recente de Trump, Pequim não gastará recursos mantendo o yuan forte artificialmente – isso, contudo, é diferente de sinalizar que a China atuará com compensações”, completa a consultoria.

Nesse contexto de menos propensão ao risco, o dólar ainda avançou ante outras moedas de países emergentes e ligados a commodities, com a maior busca por segurança. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia, por exemplo, a 45,4182 pesos argentinos, a 19,6214 pesos mexicanos e a 65,527 rublos. No caso da moeda da Rússia, o ING adverte em relatório que pode influenciar no mais longo prazo também o risco de que os EUA reforcem sanções contra Moscou.