O dólar recuou ante rivais nesta terça-feira, com investidores de olho na fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O líder americano fez um discurso protecionista e voltou a criticar a China.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 107,05 ienes, enquanto o euro subia a US$ 1,1022 e a libra avançava a US$ 1,2496. O índice DXY, que mede a variação do dólar ante uma cesta de outras seis rivais, teve queda de 0,0926 a 98,337 pontos.

O tom protecionista do discurso de Trump na ONU, com ataques à China, renovou o clima de aversão a risco nos mercados internacionais, pressionando o dólar ante o iene. O chefe da Casa Branca afirmou que bons líderes sempre colocam interesses nacionais em primeiro lugar, desferindo críticas ao que chamou de “globalismo” e voltando a classificar o principal país asiático como manipulador cambial.

Colaborou para a queda do dólar a divulgação de dois indicadores americanos, que frustraram analistas: o índice de confiança do consumidor nos EUA, que caiu de 134,2 em agosto para 125,1 em setembro; e o índice de atividade manufatureira regional elaborado pela distrital de Richmond do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que caiu de 1 em agosto para -9 em setembro.

Investidores ainda monitoram a possibilidade de abertura de um processo de impeachment contra o presidente americano, por conta de conversas telefônicas com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. Trump teria pedido ao país europeu para investigar democrata Joe Biden, que é pré-candidato à presidência dos EUA. O recuo do dólar ante o iene, contudo, chegou a perder força no fim da tarde desta terça-feira, depois de Trump anunciar que autorizou a divulgação da transcrição da conversa com Zelenski.

Já o euro encontrou espaço para subir ante o dólar, recebendo “impulso do relatório Ifo ligeiramente melhor do que o esperado”, destaca a economista-chefe de estratégias cambiais do BK Asset Management, Kathy Lien. Nesta terça, o instituto divulgou que o índice de sentimento das empresas da Alemanha subiu de 94,3 pontos em agosto para 94,6 pontos em setembro, superando a expectativa de 94,4 pontos.

A libra esterlina, por sua vez, avançou em relação à moeda americana no dia em que a Suprema Corte britânica considerou ilegal a suspensão do Parlamento do país, manobra do premiê Boris Johnson para impedir a articulação de um adiamento do Brexit. Os trabalhos do Legislativo local serão retomados nesta quarta.

“A libra saltou, com a aparentemente redução de probabilidade de o Reino Unido deixar a União Europeia no próximo mês sem um acordo comercial”, destaca o Western Union, em relatório divulgado a clientes.