O dólar recuou ante rivais nesta segunda-feira, com investidores de olho nas derrotas do premiê britânico, Boris Johnson, e na reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que deve anunciar mais um corte na taxa básica de juros dos Estados Unidos. O Parlamento do Reino Unido rejeitou a proposta do governo de novas eleições. Além disso, sem apoio do governo, a União Europeia aprovou o adiamento do Brexit.

Próximo do horário de fechamento das bolsas nova-iorquinas, o dólar subia a 108,93 ienes e a 0,9949 francos suíços. Já o euro avançava US$ 1,102 e a libra, a US$ 1,2861. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes, por sua vez, fechou em queda de 0,07%, aos 97,764 pontos.

O euro e a libra operaram em alta ante o dólar nesta segunda-feira, pressionando o índice DXY, após duas derrotas de Johnson: a União Europeia aprovou o adiamento da saída do Reino Unido do bloco para 31 de janeiro, sem apoio do governo; à tarde, os ganhos foram ampliados após o Parlamento britânico rejeitar a realização de novas eleições em 12 de dezembro, proposta do premiê.

O dólar ainda recuou em meio às expectativas de que o Fed deve realizar mais um corte de 25 pontos-base na taxa básica de juros dos EUA, levando-a para a faixa de 1,50% a 1,75%. Via de regra, relaxamentos monetários tendem a depreciar o câmbio.

Verificou-se queda da moeda americana, também, ante o peso argentino, com o anúncio de medidas do Banco Central da República Argentina (BCRA) para limitar as compras de dólares no país, após a chapa de oposição formada pro Alberto Fernández e Cristina Kirchner vencer, em primeiro turno, as eleições presidenciais na Argentina. Fernández derrotou o atual presidente, Mauricio Macri.

A moeda americana, contudo, encontrou espaço para avançar ante divisas consideradas mais seguras, como o iene e o franco suíço, em meio ao clima de apetite por risco verificado nos mercados internacionais ao longo do dia. O bom humor se dá diante do adiamento do Brexit e da percepção de que as negociações comerciais entre Estados Unidos e China estão avançando, e que um acordo pode ser firmado durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês), marcada para novembro, no Chile.

Apesar do recuo, analistas do BBH mantêm a ideia de que o dólar deve se fortalecer ao longo das próximas semanas, considerando o arrefecimento das tensões comerciais. “Acreditamos que existe uma alta probabilidade de algum acordo comercial ser assinado no próximo mês, incluindo a redução das tarifas existentes”, diz um relatório da instituição divulgado a clientes.