O dólar recuou em relação a outras moedas fortes, nesta quarta-feira, 10, após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manter os juros na faixa entre 0% e 0,25%, se comprometer a apoiar a economia com todos os instrumentos disponíveis e sinalizar que as taxas devem ficar no nível atual até pelo menos 2022.

No fim da tarde em Nova York, o dólar registrava baixa a 107,12 ienes, o euro subia a US$ 1,1399 e a libra avançava a US$ 1,2773. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante seis rivais, registrou queda de 0,38%, a 95,959 pontos.

“A liquidação do dólar parece pronta para ganhar impulso”, avaliam economistas do banco holandês ING. Além de manter os juros, o Fed sinalizou na decisão de política monetária divulgada hoje que deve continuar fornecendo liquidez ao mercado. No gráfico de pontos, onde os dirigentes projetam os juros para o futuro, a previsão unânime é de que as taxas continuem no nível atual até o fim de 2021. Para 2022, apenas dois dirigentes preveem alta nos juros.

Para analistas do banco americano Brown Brothers Harriman (BBH), o “sinal claro” de que a política monetária dos EUA permanecerá acomodatícia por um longo tempo “é negativo para o dólar”. No começo do pregão, ao comentar a possível reação do mercado cambial à decisão do BC americano, o analista de mercado Joe Manimbo, do Western Union, escreveu que as ações “agressivas” do Fed na crise gerada pela pandemia “reduziram a necessidade da segurança no dólar”.

Em coletiva de imprensa após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a retomada econômica nos EUA deve começar no segundo semestre deste ano. O banqueiro central descartou uma depressão econômica, mas alertou para incertezas geradas pelo coronavírus e disse que o relatório de empregos (payroll) de maio provavelmente subestimou a taxa de desemprego do país em três pontos porcentuais.

Ante divisas emergentes e ligadas a commodities, o dólar não manteve direção única. No final tarde em Nova York, a moeda americana cedia a 21,7755 pesos mexicanos e a 16,4811 rands sul-africanos, mas avançava a 69,2711 pesos argentinos.

Ao jornal Valor Econômico, o ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, disse que o país quer buscar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para atrasar por três anos os pagamentos do montante que deve à instituição.