Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar trabalhava em queda contra o real na manhã desta terça-feira, acompanhando o apetite por risco internacional em meio à redução dos temores sobre um aperto monetário precoce nos Estados Unidos, enquanto, no cenário doméstico, os olhares se voltavam para os novos depoimentos à CPI da Covid e para a agenda de reformas do governo.

Às 10:22, o dólar recuava 0,39%, a 5,3060 reais na venda, enquanto o dólar futuro negociado na B3 perdia 0,24%, a 5,3085 reais.

Esse comportamento estava em linha com a movimentação do dólar nos mercados internacionais, com o índice da moeda norte-americana ante uma cesta de rivais fortes caindo cerca de 0,2%, depois de chegar a tocar uma mínima em mais de quatro meses nesta terça-feira.

Vários analistas citavam nesta manhã um alívio generalizado dos temores sobre a inflação nos Estados Unidos, depois que autoridades do Federal Reserve reforçaram sua visão de que os picos nos preços devem ser temporários e sua política monetária expansionista será mantida.

A perspectiva de juros baixos por mais tempo nos EUA tende a beneficiar ativos de países emergentes, uma vez que os investidores vão buscar retornos mais altos fora da maior economia do mundo.

Colaborando para o viés de baixa do dólar contra o real nesta manhã estava, além do “cenário externo positivo”, a “perspectiva de ingresso de recursos externos por vários IPOs em curso na nossa bolsa”, disse em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.

Enquanto isso, na seara política, os investidores voltavam sua atenção para Brasília, em dia de retomada dos depoimentos na CPI da Covid. O dia já começou com depoimento da secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”.

A investigação da abordagem adotada pelo governo Jair Bolsonaro diante da pandemia é apontada como grande fonte de incertezas e ruídos políticos.

Os investidores também ficavam de olho na tramitação da reforma tributária. Após se reunir com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), relatou na segunda-feira como ficará o fatiamento das propostas referentes à reforma tributária que vão tramitar nas duas Casas Legislativas.

“Enquanto o risco de uma terceira onda segue sendo acompanhado no pano de fundo, o mercado aguarda a apreciação do parecer da administrativa na CCJ da Câmara após o governo e as lideranças do Congresso acordarem os papéis de Câmara e Senado na reforma tributária”, disse em nota matinal Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

O dólar negociado no mercado interbancário fechou o último pregão em queda de 0,54%, a 5,3266 reais na venda.

Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em novembro de 2021 e março de 2022.

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